Lucina Ratinho, de 68 anos, ri quando lembra da discussão que a neta Isabela, de 12 anos, travou na escola, anos atrás. Era Dia da Avó e cada criança tinha de levar uma foto da sua. Isabela foi logo dizendo que a dela era a mais bonita o que, claro, foi contestado. "Aí, ela disse brava: a minha é muito mais bonita porque ela corre! A de vocês não corre!"
Pensando em idosos como Lucina, ultramaratonista, o diretor da agência de publicidade Garage.IM, Max Petrucci, de São Paulo, começou um movimento para dar nova cara à terceira idade brasileira. Ele e outros publicitários querem modernizar o símbolo (ou pictograma) do boneco curvado, apoiado em uma bengala.
O primeiro passo foi dado com o lançamento de um abaixo-assinado na fanpage do movimento (www.migre.me/cVWw8). Eles esperam ao menos 100 mil assinaturas para, após a escolha de uma proposta por votação popular, ser entregue à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), responsável pela normatização de sinalizações. Em fevereiro, lançam um site para a troca de ideias. "A forma de retratar o idoso tem de deixar de ser de uma pessoa decadente, porque isso não é mais verdade. Há perda de vitalidade, mas o idoso hoje vive mais, está mais saudável, ativo e produtivo", diz Petrucci.
A imagem do homem curvo e de bengala começou a aparecer no fim da década de 1990, com o Estatuto do Idoso, e, no início dos anos 2000, com a sanção de leis de atendimento e de assento preferenciais e o Metrô a popularizou. "Como não havia a normatização no país, a ABNT incorporou o pictograma", diz Maria Barbosa, da ABNT. Em meados dos anos 2000, o Metrô atualizou o símbolo.
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