O sassafrás, uma árvore que leva décadas para chegar a uma altura de cerca de 20 metros, fornece um óleo que por muito tempo abasteceu as indústrias de perfume e farmacêutica, em uma atividade econômica importante no Paraná e em Santa Catarina. No entanto, o corte indiscriminado colocou a espécie em perigo e o governo proibiu sua exploração. Agora, a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) desenvolve um meio de continuar explorando o sassafrás sem precisar derrubar árvores.
Sylvio Pellico Netto, decano do Centro de Ciências Agrárias e Ambientais, no câmpus de São José dos Pinhais, conta que o óleo de sassafrás (e o safrol, seu componente mais importante) era extraído do caule da árvore. Com a proibição, foi preciso recorrer à importação, a cerca de US$ 6 o litro. A pesquisa da PUCPR retira o óleo de galhos e folhas, obtidos com a poda das árvores. "Para conseguir a mesma quantidade de óleo de uma árvore cortada, temos de podar dez. Mas essas dez continuam na mata e podem continuar a ser usadas", explica Nei Hansen de Almeida, diretor do curso de Engenharia Química da PUCPR e co-autor da pesquisa, ao lado de Pellico.
Com recursos federais, uma usina experimental foi construída na Fazenda Gralha Azul, que a universidade mantém em Fazenda Rio Grande e que tem seis mil árvores de sassafrás, contadas uma a uma. O investimento total chegou a R$ 900 mil. O equipamento começou a funcionar em dezembro de 2004. Os galhos e folhas são picados e, com o uso de vapor d'água, o óleo é extraído. Depois, é separado da água e levado a uma coluna em que seus componentes são isolados. O safrol é usado como fixador de perfumes e na indústria farmacêutica. Outras substâncias, chamadas terpenos, são usadas na fabricação de sabão, sabonetes, produtos sintéticos e inseticidas. "Um dos nossos objetivos no futuro é identificar exatamente os usos específicos de cada terpeno", diz Pellico.
A pesquisa ainda encontrou outros usos para a árvore. A água usada na extração do óleo é usada em spas, para banhos. As sobras dos galhos podem ser aproveitadas para aglomerados de madeira. A usina tem capacidade para produzir até 120 litros de óleo por dia.
Uma das recomendações dos pesquisadores é uma regulamentação legal para que o sassafrás possa voltar a ser explorado no Brasil, de forma preservacionista. Quando isso ocorrer, a PUCPR oferecerá consultoria. "A biodiversidade parada no mato não vale nada. Ela tem valor quando é estudada e aproveitada, com responsabilidade ecológica", argumenta Pellico. (MAC)
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