A Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) afastou nove professores de suas funções por causa da publicação do jornal do Sindicato dos Professores do Ensino Superior de Curitiba e Região Metropolitana (Sinpes) que questionava demissões e a redução de carga horária dos professores da instituição. Com a suspensão, os docentes, que fazem parte da direção do sindicato, ficam impedidos de entrar em sala de aula e orientar os projetos dos alunos por tempo indeterminado. A universidade nega que tenha ocorrido qualquer tipo de represália.
De acordo com o professor de Direito e vice-presidente do Sinpes, Waldyr Perrini, que é um dos docentes afastados pela instituição, desde o fim do ano passado a PUCPR vem tomando atitudes contrárias aos acordos trabalhistas, o que levou a publicação dos questionamentos por parte do sindicato. O jornal sindical foi publicado no dia 9 de abril e, de acordo com Perrini, a universidade acionou judicialmente a entidade para saber a autoria dos textos publicados e as fontes utilizadas nas reportagens. Ao informar a instituição que a autoria seria de uma jornalista responsável e identificada no expediente do jornal, a PUCPR afastou os docentes. “A Universidade em nenhum momento buscou o diálogo e entrou com uma intercalação criminal para que as fontes entrevistadas fossem reveladas. O sindicato informou que não identificará por conta da previsão constitucional do direito da fonte”, afirmou.
Perrini afirmou que, após a decisão de não revelar as fontes ouvidas, a PUCPR decidiu afastar todos os professores do trabalho, gerando prejuízo aos próprios acadêmicos. “A atitude da PUCPR é uma evidente represália contra o sindicato na tentativa de silenciar seus dirigentes. Quem mais sofre com isso são os alunos, que perdem tempo de aula e orientação”, disse. Ainda de acordo com o professor, a jornalista responsável pela publicação entrou em contato para buscar respostas às denúncias ali escritas, mas não obteve resposta. “Eles buscaram criminalizar a atividade sindical e em nenhum momento responderam aos questionamentos colocados na reportagem”. Perrini afirmou ainda que o sindicato disponibilizou um espaço de direito de resposta da próxima publicação, o que foi negado pela instituição.
PUC nega represália
Por meio de sua assessoria de imprensa, a PUCPR informou que em nenhum momento solicitou do sindicato a divulgação das fontes e que afastou os docentes por considerar os textos publicados no jornal sindical ofensivos à honra e a boa fama. A universidade afirmou ainda que buscou esclarecimentos sobre o que foi publicado, mas que o sindicato imputou à jornalista toda a responsabilidade dos conteúdos editoriais. A instituição afirmou ainda que está apurando internamente os fatos e que levou a questão à Justiça por possível crime de calúnia, injúria e difamação.
Sobre a resposta solicitada pelo jornal sindical, a PUCPR afirmou que as perguntas enviadas por e-mail não tinham, em sua maioria, vinculação com as matérias publicadas. A instituição ainda afirmou que não há nenhum fato a ser esclarecido e considera que as matérias são ofensas dirigidas à PUCPR, ao Grupo Marista e às autoridades universidades “sem qualquer descrição objetiva e verídica”, não cabendo o direito de resposta.
A Universidade afirmou ainda que os professores permanecerão com a remuneração salarial e que os alunos da graduação não terão prejuízo com a medida - nem em relação às aulas, nem nas apresentações dos Trabalhos de Conclusão de Curso.