| Foto: Antônio More / Gazeta do Povo/Arquivo

A Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) afastou nove professores de suas funções por causa da publicação do jornal do Sindicato dos Professores do Ensino Superior de Curitiba e Região Metropolitana (Sinpes) que questionava demissões e a redução de carga horária dos professores da instituição. Com a suspensão, os docentes, que fazem parte da direção do sindicato, ficam impedidos de entrar em sala de aula e orientar os projetos dos alunos por tempo indeterminado. A universidade nega que tenha ocorrido qualquer tipo de represália.

CARREGANDO :)

De acordo com o professor de Direito e vice-presidente do Sinpes, Waldyr Perrini, que é um dos docentes afastados pela instituição, desde o fim do ano passado a PUCPR vem tomando atitudes contrárias aos acordos trabalhistas, o que levou a publicação dos questionamentos por parte do sindicato. O jornal sindical foi publicado no dia 9 de abril e, de acordo com Perrini, a universidade acionou judicialmente a entidade para saber a autoria dos textos publicados e as fontes utilizadas nas reportagens. Ao informar a instituição que a autoria seria de uma jornalista responsável e identificada no expediente do jornal, a PUCPR afastou os docentes. “A Universidade em nenhum momento buscou o diálogo e entrou com uma intercalação criminal para que as fontes entrevistadas fossem reveladas. O sindicato informou que não identificará por conta da previsão constitucional do direito da fonte”, afirmou.

Ato na PUCPR em solidariedade aos professores afastados 
Publicidade
Alunos fazem paralisação

Em solidariedade aos professores, alunos dos cursos de Serviço Social e Ciências Sociais organizaram uma paralisação na universidade. O ato começou nesta segunda-feira (16) e deve se estender durante toda a semana.

De acordo com o membro do Centro Acadêmico de Serviço Social, Lucas Menezes, a ideia é mobilizar e explicar aos estudantes a situação que levou ao afastamento dos docentes. “Há uma tentativa da reitoria de abafar o que está acontecendo. Não há diálogo com os estudantes e queremos que a situação se torne pública”, afirmou.

A PUCPR informou que não recebeu nenhum pedido de reunião dos centros acadêmicos em questão.

Perrini afirmou que, após a decisão de não revelar as fontes ouvidas, a PUCPR decidiu afastar todos os professores do trabalho, gerando prejuízo aos próprios acadêmicos. “A atitude da PUCPR é uma evidente represália contra o sindicato na tentativa de silenciar seus dirigentes. Quem mais sofre com isso são os alunos, que perdem tempo de aula e orientação”, disse. Ainda de acordo com o professor, a jornalista responsável pela publicação entrou em contato para buscar respostas às denúncias ali escritas, mas não obteve resposta. “Eles buscaram criminalizar a atividade sindical e em nenhum momento responderam aos questionamentos colocados na reportagem”. Perrini afirmou ainda que o sindicato disponibilizou um espaço de direito de resposta da próxima publicação, o que foi negado pela instituição.

PUC nega represália

Por meio de sua assessoria de imprensa, a PUCPR informou que em nenhum momento solicitou do sindicato a divulgação das fontes e que afastou os docentes por considerar os textos publicados no jornal sindical ofensivos à honra e a boa fama. A universidade afirmou ainda que buscou esclarecimentos sobre o que foi publicado, mas que o sindicato imputou à jornalista toda a responsabilidade dos conteúdos editoriais. A instituição afirmou ainda que está apurando internamente os fatos e que levou a questão à Justiça por possível crime de calúnia, injúria e difamação.

Sobre a resposta solicitada pelo jornal sindical, a PUCPR afirmou que as perguntas enviadas por e-mail não tinham, em sua maioria, vinculação com as matérias publicadas. A instituição ainda afirmou que não há nenhum fato a ser esclarecido e considera que as matérias são ofensas dirigidas à PUCPR, ao Grupo Marista e às autoridades universidades “sem qualquer descrição objetiva e verídica”, não cabendo o direito de resposta.

Publicidade

A Universidade afirmou ainda que os professores permanecerão com a remuneração salarial e que os alunos da graduação não terão prejuízo com a medida - nem em relação às aulas, nem nas apresentações dos Trabalhos de Conclusão de Curso.