A organização criminosa formada por empresários brasileiros para transportar cocaína das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) da Venezuela para Honduras, revelada na quinta-feira (4), pelo jornal O Estado de S.Paulo, passou a operar em 2013 no tráfico também para o Brasil. Além disso, os traficantes se preparavam para uma nova rota: de Paramaribo, no Suriname, para a Guiné-Bissau, antiga colônia portuguesa na África.
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Esquema de lavagem de dinheiro da facção criminosa é investigado pela Polícia Federal
Leia a matéria completaDe acordo com relatório do delegado Rodrigo Levin, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Superintendência da Polícia Federal (PF), em São Paulo, os empresários Ronald Roland e Manoel Meleiro Gonsalez viajaram para Bogotá em 13 de maio de 2013 e permaneceram lá por três dias. “Foi uma viagem de negócios. Mantiveram contatos com traficantes locais”, afirma em seu relatório entregue à Justiça Federal. De acordo com ele, foram “apresentados a novas demandas e a novas rotas de interesse dos traficantes colombianos”.
O contato dos acusados seria o traficante Euder Jaramillo Perdomo. O resultado das reuniões foi repassado ao homem apontado como o líder da organização: o fazendeiro Paulo Flores. Em 14 de maio, Roland consultou um dos pilotos da organização sobre qual aeronave teria capacidade para cruzar o Atlântico, que sugeriu um Learjet da família 50, com autonomia para voo de 4,6 mil quilômetros. Os traficantes calculam que o avião seria capaz de transportar até 1,2 tonelada de cocaína.
A troca de mensagens interceptadas pela PF mostra que a organização decidiu pela compra de outra aeronave, um Falcon 200, com capacidade para nove passageiros. Em 28 de maio de 2013, o grupo já tinha um avião disponível no Suriname. Em 20 dias, os colombianos iam levar a droga até o Suriname para o embarque.
A investigação da PF não prosseguiu sobre a nova rota porque o avião usado possivelmente não era brasileiro. Foi o uso de aeronaves brasileiras no tráfico internacional de drogas que permitiu à PF apurar os crimes, pois o interior deles é considerado território nacional. A competência para apurar os delitos cometidos a bordo é da Justiça Federal. No caso da conexão do Suriname e da Guiné-Bissau, a PF não detectou outros carregamentos ou preparativos feitos pelo grupo para o transporte de cocaína.
Em 2013, a organização criminosa que cuidava do transporte aéreo de toneladas de cocaína rachou. De acordo com o relatório da PF, os empresários Gonsalez e Roland montaram o próprio grupo e passaram a operar não só na rota Venezuela-Honduras, mas também já traziam cocaína para o Brasil. Para tanto, começaram a usar helicópteros que eram carregados com cerca de 500 quilos da droga no Paraguai. Ali, mantinham contato com o suposto traficante paraguaio Atilio Erico Portillo Meza, o Doutor Original, dono da Fazenda Estância Curralito, no Departamento de Concepción. Segundo a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) do Paraguai, a fazenda do acusado receberia aviões e helicópteros.
Para essa nova atividade, os empresários teriam aliciado o piloto Alexandre José de Oliveira Junior, que, segundo a investigação, fez diversos voos transportando cocaína para a organização criminosa. Oliveira Junior acabaria preso em novembro de 2013 em Brejetuba, no Espírito Santo, com 445 quilos de cocaína em um helicóptero R66. A aeronave pertencia ao senador Zezé Perrella (PDT-MG), que, segundo a investigação, não sabia da ação ilegal do funcionário.
Piloto foi achacado por dois agentes do Deic, mostra grampo
Antes de ser preso em Brejetuba, o piloto Alexandre José de Oliveira Junior passou a ser achacado por policiais civis de São Paulo. Identificados como Helber e Aroldo, eles trabalhavam no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
Oliveira Junior que, segundo a Polícia Federal, havia transportado 650 quilos de cocaína para São Paulo e Rio em 18 de janeiro de 2013, entrou em contato com o chefe em 19 de março de 2013 e indagou sobre os policiais. Os agentes do Deic sabiam do voo, mas em vez de prender o acusado decidiram achacá-lo. De acordo com a PF, o acusado “acabou pagando grande quantia em dinheiro, para não ser molestado”.
Em junho, o piloto voltou a tratar do episódio com o chefe Ronald Roland, por meio de mensagem. Disse que havia descoberto a identidade do informante que o havia entregue ao Deic. “Preciso zerar (matar) ele.” A PF não conseguiu descobrir se o informante foi assassinado.
O piloto teria sido aliciado por um organização criminosa formada por empresários brasileiros para transportar cocaína das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) da Venezuela para Honduras, e que passou a operar em 2013 no tráfico também para o Brasil.
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