Na última década, Tunas do Paraná, na região metropolitana de Curitiba, teve o maior crescimento populacional do estado. O número de moradores do município saiu de 3.611 para 6.258, um aumento de 73,3%. Mesmo assim, há pelo menos oito anos, o efetivo policial de Tunas é formado por dois soldados e um sargento. Pior: a estrutura da segurança pública local é, no mínimo, insuficiente.
Na madrugada de domingo, ficou claro que o aparato policial da cidade se torna ineficiente diante de uma ação criminosa mais ousada. Os policiais armados de pistolas ponto 40 não conseguiram reagir frente a um grupo com cerca de dez criminosos armados de fuzil AR 15, pistola 9 milímetros e outras. Para piorar a situação, o reforço dos policiais demorou a chegar.
Com o intuito de arrombar duas agências bancárias, a quadrilha bloqueou as entradas da cidade com carros e encheu as ruas com pregos soldados para furar pneus de carro. O plano deu certo. A viatura da PM acabou tendo o pneu furado na tentativa de seguir os criminosos. Foi o mesmo jeito de atuação em um assalto ocorrido em Bocaiúva do Sul, em outubro do ano passado. De acordo com o próprio sargento-gestor do município, Wilson Setti, não houve tempo para reação.
"Os policiais tiveram sorte que [os criminosos] não meteram o pé na porta e não entraram aqui dentro [da unidade policial]", afirma. A reação dos policiais ficou mais restrita diante de um escudo-humano montado pelos bandidos e que era formado por seis reféns. "Policial aqui tem que ser ninja. O trabalho de policial é isso mesmo. O ruim é a estrutura", ironiza o sargento. Setti pagou do próprio bolso a única câmera de monitoramento em frente à unidade da polícia.
O prefeito da cidade José Luiz Martins Tavares (PPS) informou que está tentando marcar reunião com o secretário de estado da Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César, para pedir reforço policial. A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) e a PM foram procuradas para comentar o assunto, mas preferiram não se pronunciar.
A ocorrência foi registrada na delegacia de Bocaiúva do Sul, cidade vizinha a Tunas, mas também não tem condições de levar a investigação adiante. O Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) e o policiamento reservado da PM ajudam a apurar o caso. Até o início da noite de ontem a polícia não havia identificado nenhum suspeito.