Cinco pessoas foram presas na manhã desta quinta-feira (8) em Curitiba e Santa Maria do Oeste, na região central do Paraná - a cerca de 95 quilômetros de Guarapuava - suspeitas de fraudar procurações para a venda de terrenos. A quadrilha teria lucrado pelo menos R$ 1,5 milhão com a venda irregular de um terreno da prefeitura de Curitiba. Entre os presos estão um ex-funcionário e o proprietário de um cartório.
As prisões foram feitas por uma equipe do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), em uma ação que foi batizada como "Livro Aberto". Além dos mandados de prisão, foram cumpridos também mandados de busca e apreensão, que resultaram no recolhimento de documentos, escrituras originais, cópias de escrituras, computadores e papéis. As fraudes começaram a ser investigadas há oito meses depois da denuncia de uma funcionária de um cartório de Curitiba.
A polícia prendeu Dilton Camargo de Souza, 71 anos, e Norberto Broeto, 54 anos, apontados com os chefes da quadrilha. Também foram detidos Alexandre de Lima, 20 anos, o ex-funcionário de um cartório de Curitiba; Hamilton Schreiner, proprietário de cartório junto do neto dele em Santa Maria do Oeste; e João de Oliveira, 85 anos, que seria o laranja da quadrilha.
Esquema
Delegado do Cope Miguel Stadler explicou que a quadrilha teria falsificado uma procuração para a venda de um terreno de 20 mil metros quadrados localizado na Cidade Industrial de Curitiba, que seria de propriedade da prefeitura de Curitiba. O nome de João de Oliveira aparecia na procuração como o dono da área.
O esquema funcionou porque o ex-escriturário de um cartório de Curitiba, onde a procuração teria sido registrada, emitiu uma certidão de originalidade do documento. "No computador que ele usava encontramos as informações em um arquivo nomeado de Esquema 1. Então há que se supor que haviam outros esquemas", disse o delegado. A polícia informou que a originalidade da procuração foi atestada no cartório de Santa Maria do Oeste, que era de propriedade de Hamilton Shreiner e que, posteriormente, foi passado ao nome do neto dele, Fábio Hamilton Shreiner. "Descobrimos inclusive que os dois tiveram procedimentos instaurados pela Corregedoria dos Cartórios para apurar irregularidades na atuação do cartório por casos parecidos com este", disse o delegado.
Segundo o delegado, os terrenos eram ofertados a preços abaixo ao de mercado para atrair as vítimas. Os estelionatários chegariam a levar os possíveis compradores para visitar os terrenos para dar maior credibilidade ao esquema. "São estelionatários profissionais. Tem conhecimento da tramitação e lábia para tratar com as vítimas".
Os presos foram indiciados em inquérito policial por formação de quadrilha, falsificação de documento público e estelionato.
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