Ouça este conteúdo
Presos e foragidos
A operação Trilha Falsa cumpriu dez mandados de busca e apreensão e seis de prisão. Em São Paulo, foram presos M.H, 42 anos, L.C.G, 29, mais conhecido como "Alemão" e A.A.F, 27. Na capital gaúcha a polícia prendeu o uruguaio E.C.A, 33, M.B., 28 anos, e A.A.B, 29, apelidado de "Miga".
A polícia busca ainda por outros quatro membros da quadrilha: V.A.S, 50 anos, A.O.N, 43, A.J.D, 46, e E.M.S, 37. Informações sobre o paradeiro deles podem ser dadas nas delegacias de polícia. O nome de quem relatar à polícia será mantido em sigilo.
Operação conjunta da polícia do PR, RS e SP prendeu quadrilha especializada em clonar cartões
- RPC TV
Cerca de mil cartões de crédito e débito clonados foram apreendidos após a prisão de uma quadrilha de estelionatários a quarta-feira (15), em Curitiba na operação "Trilha Falsa", realizada pelo Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) da polícia civil. Seis pessoas foram presas e quatro ainda estão foragidas.
A Polícia Civil informou que os golpistas vendiam e usavam cartões clonados e, com isso, chegavam a lucrar até R$ 20 milhões por mês. De acordo com a polícia, os bandidos tinham duas fábricas de cartões, em São Paulo (SP) e Porto Alegre (RS). Com o apoio das policiais civis locais, foram apreendidos centenas de documentos de identidade falsos, 70 máquinas de pagamento por cartão - utilizadas para clonar e armazenar dados de cartões originais - seis notebooks, pendrives e diversos celulares. Mas o item que mais chama a atenção entre os apreendidos são seis máquinas que serviam para imprimir e colocar a tarja magnética nos cartões clonados. Este equipamento, chamado de "embolsadora", é de uso exclusivo de instituições financeiras. Duas das máquinas tinham lacre de um banco, o que pode indicar que havia alguém da quadrilha infiltrado na empresa.
Os golpes eram feitos nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. A polícia também informou que cartões falsos da quadrilha foram utilizados no exterior, em pelo menos três países: Argentina, Uruguai e Estados Unidos. No último, as compras eram feitas mais especificamente na região de Miami.
Conforme informações da polícia, a quadrilha agia desde a metade do ano passado, mas houve um pico de prejuízos registrados pelas operadoras de cartões de crédito a partir de maio deste ano. As investigações da "Trilha Falsa" foram iniciadas em novembro de 2007.
Chupa-cabra
A quadrilha instalava em estabelecimentos comercias máquinas de cartões adulteradas, conhecidas como "chupa-cabra". Os levantamentos da polícia mostram que um membro da quadrilha se passava por funcionário da operadora de cartão de crédito. Exibindo um crachá da bandeira do cartão, ligava para outro membro da quadrilha do seu celular, que confirmava ao dono do estabelecimento que se trataria realmente de um técnico da empresa.
Com a confiança adquirida, a gangue substituía o aparelho normal pelo chupa-cabra por alguns dias. "A máquina funcionava normalmente, porém mandava para os bandidos os dados do cliente", relata o delegado chefe do Cope, Miguel Stadler. Com as máquinas, a quadrilha obtinha os dados contidos na "trilha" do cartão, ou seja, os dados que identificam os usuários do cartão. Depois, um membro da gangue voltava ao estabelecimento para devolver o aparato normal, afirmando que o suposto defeito estaria solucionado. "Esse pessoal tinha uma lábia danada. O comerciante deve ficar atento e ele mesmo fazer a ligação para a operadora", alerta o delegado.
Para o delegado, o membro chave da quadrilha era Anderson Bueno, preso no Rio Grande do Sul. Bueno era funcionário de uma terceirizada que prestava serviços de manutenção nas máquinas de cartões.
Próximos passos
Todos os presos foram indiciados por formação de quadrilha, estelionato, falsidade ideológica e uso de documentos falsos. Os seis acusados estão presos em regime temporário de cinco dias, mas Stadler acredita que com as evidências obtidas poderá mudar a detenção para preventiva.
A Trilha Falsa agora passa a buscar outros quatro membros da quadrilha que estão foragidos. A polícia não descarta a possibilidade de haver mais pessoas envolvidas. Além disso, aqueles que adquiriram os cartões e documentos falsos podem responder criminalmente.
A maioria dos membros da quadrilha preferiu ficar em silêncio. Alexandre Alves Ferreira e Bueno alegam que houve um engano. "Buscaram lá em casa e não tinha nada. Nem conheço essas pessoas", afirmou Bueno. Até a tarde desta quinta-feira (16), a quadrilha não tinha constituído advogado.