Um grupo apontado como a maior quadrilha de assaltantes de carros de luxo que agia no Paraná foi desarticulado, após um tiroteio ocorrido na manhã desta terça-feira (31), no bairro Mossunguê, em Curitiba. Na troca de tiros, um ex-policial militar morreu e outro foi preso em flagrante. Eles seriam os "cabeças" da facção. Quatro automóveis e duas motos foram recuperadas. Há indícios de que o bando tivesse ramificações no roubo de residências e de casas, além do tráfico de drogas.
"A prisão deste grupo era a nossa principal meta", definiu o delegado Marco Antonio de Góes Alves, chefe da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV).
De acordo com a unidade, a quadrilha conhecida como "Gangue dos Carecas" tinha sua espinha dorsal formada por ex-policiais militares, que haviam sido expulsos da corporação. O grupo agia principalmente em cinco bairros nobres da capital: Mossunguê, Campo Comprido, Santa Felicidade, São Braz e Seminário. "Eles abordavam as vítimas com técnicas policiais, empunhavam as armas como policiais. A prisão deste grupo era a nossa principal meta", disse Góes Alves.
Os roubos eram cometidos à luz do dia e ocorriam em ações rápidas: um ou dois bandidos abordavam as vítimas já com arma em punho, as retiravam do carro e fugiam. Em algumas ações, os suspeitos usavam máscaras balaclavas. Um levantamento feito pela polícia com base na descrição de boletins de ocorrências estima que a quadrilha tenha roubado mais de cem carros só em 2011.
Os dois últimos assaltos atribuídos ao bando ocorreram na manhã desta terça-feira. Em um deles, uma mulher foi rendida quando saía de casa com o carro, no Mossunguê. "Um deles [dos assaltantes] abriu a porta e encostou a arma na minha cabeça. Disse que poderia pegar meus documentos, que ele só queria o carro", contou a vítima, Gisele Assunção.
Entre os alvos da quadrilha, estavam automóveis importados. Segundo a DFRV, os veículos levados pelo grupo eram direcionados a Santa Catarina, onde outra ponta da quadrilha receptava os carros. Na operação, foram apreendidos um Jetta, um Renault Megane e dois Nissan Sentra, todos roubados. Também foram recolhidas duas motos CBR, sem alertas de furto ou de roubo.
O tiroteio
A DFRV monitorava a quadrilha há nove meses. Segundo o delegado, neste período os policiais estiveram perto de prender o grupo em pelo menos três oportunidades. Na manhã desta terça-feira, após os dois assaltos cometidos pelos bandidos, equipes da DFRV foram às ruas tentar interceptar os acusados.
Os suspeitos estavam em um Nissan Sentra, localizado pelos policiais na Rua Paulo Gorski, atrás de um supermercado da região. Uma viatura descaracterizada da Polícia Civil fechou o carro dos bandidos. Eles tentaram escapar, dando marcha à ré, mas bateram em outro carro da polícia, que dava cobertura.
Segundo o delegado Anderson Franco, adjunto da DFRV, um dos suspeitos disparou contra os policiais, mas foi atingido por vários tiros e morreu dentro do carro. Ele foi identificado como o ex-soldado da PM, Moacir Possamain Girardi, de 30 anos, que tinha dois mandados de prisão em aberto por roubo.
O outro acusado, o também ex-policial militar Marco Antonio Maulone, de 39 anos, portava uma submetralhadora calibre .40, mas não conseguiu abrir fogo e acabou se entregando. Segundo a DFRV, Maulone tem quatro mandados de prisão em aberto, por roubo, formação de quadrilha e associação para o tráfico. A submetralhadora e duas pistolas calibre 9 milímetros foram apreendidas.
A casa de Girardi seria usada como o "quartel-general" da quadrilha. Na residência é que os policiais encontraram as motos e os carros apreendidos. Segundo o delegado Góes Alves, as investigações serão aprofundadas com o objetivo de identificar outros integrantes do grupo. "Prendemos os principais membros da quadrilha, mas ainda tem outras pessoas", disse.
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