Em busca do palmito, quadrilhas de palmiteiros estão invadindo os parques estaduais Carlos Botelho, Intervales, Jurupará e do Alto Ribeira, as reservas de Mata Atlântica mais protegidas do estado de São Paulo. Além de cortar a palmeira, importante para a biodiversidade da floresta, eles abrem trilhas usadas por caçadores. Os próprios palmiteiros abatem para consumo espécimes de uma fauna fortemente ameaçada de extinção, que inclui animais como a anta e o mono-carvoeiro, e aves como o macuco e a jacutinga.
A Mata Atlântica é um dos biomas mais ameaçados do país. São Paulo detém a maior porção contínua dessa floresta, com 200 mil hectares, quase tudo nos parques estaduais do Vale do Ribeira. De janeiro a agosto deste ano, a 3ª Companhia de Policiamento Ambiental, com sede em Sorocaba, apreendeu 4.719 toras de palmito.
No Paraná, houve uma grande apreensão de palmitos no final do ano passado, na operação Juçara da Polícia Federal (PF). Praticamente tudo o que era envasado na Indústria de Conservas Palmeira, pertencente ao ex-prefeito de Guaratuba José Ananias dos Santos, foi extraído das matas da Serra do Mar, no litoral do Paraná, de forma ilegal. O levantamento da PF mostrava que mais de 129 mil árvores foram derrubadas de janeiro a novembro de 2009, porém menos de 10% (12.267) tinham autorização de corte.
São Paulo
De acordo com o tenente Edson Moraes, mais de 90% dos palmitos extraídos pelas quadrilhas que atuam em São Paulo foram dos parques estaduais, por uma razão simples: fora das reservas, a palmeira juçara está praticamente extinta. Ele calcula que o material apreendido representa uma parcela mínima do que foi cortado.
A extração indiscriminada levou à escassez da palmeira e os palmiteiros têm de caminhar dois dias no interior da mata para chegar ao local do corte. Em fábricas improvisadas, o palmito é cortado, colocado em vidros e cozido. O produto é vendido para restaurantes, pizzarias e churrascarias. Cada feixe rende 10 quilos de palmito que, no Vale, é vendido por R$ 10 o quilo. Em São Paulo, o produto chega custando R$ 25. A condição socioeconômica precária dos moradores da região favorece o esquema, segundo o policial. "A alternativa para eles seria trabalhar na lavoura de banana, ganhando R$ 10 por dia."