Nos últimos meses a população se acostumou a ver no noticiário o que a polícia costuma de chamar de megaoperação ações gigantescas, que lembram situações de guerra e tentam sufocar rapidamente as ações criminosas em regiões com histórico de violência. As principais ocorreram em Curitiba (em três pontos) e Foz do Iguaçu (uma, na cidade toda).
Os resultados variaram, com avanços na área social e diminuição de alguns crimes na Vila das Torres e no Parolin, tradicionais bolsões de pobreza da capital. Mas hoje, a população reclama da diminuição do efetivo policial para manter a segurança no dia-a-dia dos 700 homens à época das operações para 14 atualmente. Já em Foz, os 66% de policiais a mais nas ruas garantiram a queda de 22% nos roubos e nos homicídios, mas não conseguiram evitar um aumento de 46% nos furtos simples. A população dos bairros de periferia, que vibrou com dias de calmaria entre março e maio, agora convive com nova escalada na violência.
Menos
Recentemente, o governador Roberto Requião determinou que a polícia paranaense realize uma megaoperação a cada 20 dias. A primeira depois da ordem ocorreu na Vila Verde, Cidade Industrial de Curitiba, na terça-feira passada. Nessa caso, o "mega" perdeu força. Diferentemente dos 700 policiais que invadiram as vilas Torres e Parolin, apenas 150 estiveram na favela durante um dia. Uma pessoa foi presa, um veículo foi recuperado e 13 mandados de busca e apreensão cumpridos resultados mais modestos se comparados às 32 detenções na Vila Torres. Na Região Norte do estado, a Operação Londrina Segura ocorre desde o dia 20 de junho e mobiliza 300 policiais, contra os 1.036 que estiveram em Foz do Iguaçu.
Luiz Fernando Delazari, secretário de Segurança Pública do Paraná, diz que diminuição dos efetivos nas megaoperações, não altera o objetivo das iniciativas. "A polícia tem toda a estrutura e as condições para realizar quantas operações forem necessárias", afirma. Segundo ele, como a Vila Verde é uma favela menor houve necessidade de menos policiais. Delazari também explica que a determinação do governador não é rígida. "Essa questão da operação ser a cada 20 dias é uma estimativa. Podem ser dez dias, podem ser 15. O importante é que vamos tornar isso uma nova forma de fazer segurança no Paraná e abrir caminho para a realização de projetos sociais."
Análise
A psicóloga Joyce Pescarollo, do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade Federal do Paraná, critica essa linha de ação: "Comprovadamente, não dá certo. Trata-se de algo importado dos Estados Unidos para o combate ao tráfico, que também já foi utilizado no Rio de Janeiro". Para ela, o processo de militarização da segurança apenas reforça traços discriminatórios da sociedade brasileira. "À medida que essas operações são feitas sempre em locais de baixa renda, elas mais uma vez geram o conceito de que a criminalidade está ligada a um perfil de pessoa: negra, pobre e jovem."
Aos 40 anos, Aurelice dos Santos se encaixa nos dois primeiros tópicos da definição a psicóloga. A moradora da Vila Parolin, entretanto, gostou da operação no seu bairro. "Agora dá para os meus filhos irem para a escola, está tudo mais sossegado", afirma. A maior conquista, segundo ela, foi o asfaltamento da rua onde mora, parte dos projetos de urbanização da prefeitura para a vila. "Assim a gente tem mais dignidade para viver. Se for para melhorar desse jeito, a polícia pode voltar quantas vezes quiser."
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