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Trânsito

Quando a rotatória é a solução

Celso Alves, Fernando Neumann e Stephan Knecht, do Conselho Comunitário de Segurança do bairro Hugo Lange: rotina de reuniões e sugestões para a prefeitura | Albari Rosa/ Ag. de Notícias Gazeta do Povo
Celso Alves, Fernando Neumann e Stephan Knecht, do Conselho Comunitário de Segurança do bairro Hugo Lange: rotina de reuniões e sugestões para a prefeitura (Foto: Albari Rosa/ Ag. de Notícias Gazeta do Povo)

Moradores do bairro Hugo Lange, em Curitiba, apostam na implantação de minirrotatórias em cruzamentos da região para aumentar a segurança no trânsito e diminuir a velocidade dos veículos. Um projeto que pede a inclusão de dez pequenas intervenções já foi entregue à prefeitura pelo Conselho Comunitário de Segurança Pública (Conseg). "Com a rotatória, cria-se a necessidade de reduzir a velocidade. A rotatória é muito mais inteligente", afirma o especialista em trânsito Celso Alves Mariano, morador do bairro.

O trânsito é uma das principais preocupações dos moradores do Hugo Lange, ao lado dos assaltos, arrombamentos e insegurança na proximidade das escolas. Eles reclamam da alta velocidade nas vias. As ruas Jaime Balão, Augusto Stresser e Itupava, que cortam a região, servem como rota alternativa para os bairros Cabral, Bacacheri e Jardim Social. Diante do resultado obtido a partir de uma pesquisa feita pelo Conseg com cerca de 100 pessoas e com referência em outras cidades, as minirrotatórias foram apontadas como solução para alguns problemas.

Além de contribuir para a redução da velocidade, as rotatórias têm baixo custo. "São baixos os custos. Basicamente depende de sinalização horizontal e vertical", avalia o arquiteto Fernando Neumann, cujo escritório fica no Hugo Lange. Ele prevê que o gasto com uma minirrotatória seja equivalente à construção de duas lombadas, além de exigir pequenas alterações no cruzamento. "Se nós achamos soluções que custam menos para o governo, é melhor para a gente", considera o aposentado suíço Stephan Knecht, presidente do Conseg do Hugo Lange.

Mariano, Neumann e Knecht defendem que a rotatória também traz benefícios ambientais, pelo fato de diminuir o barulho e o consumo de gasolina. Outras vantagens seriam a maior segurança para o condutor, já que o equipamento reduziria o número de paradas nos cruzamentos durante a madrugada, e a disseminação da educação no trânsito. "Queremos que o cidadão que usa as ruas do bairro tenha a consciência de que aqui respeitamos as regras de trânsito na íntegra. Que também respeitem a sinalização e as faixas de segurança", diz Mariano.

Planejamento

Técnicos do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) concordam que as rotatórias podem organizar o tráfego e apresentar custos menores que os semáforos. Contudo, explicam que a capital não foi planejada para receber este tipo de intervenção como uma solução para o trânsito. Curitiba tem somente cerca de 20 rotatórias e a última a ser implementada foi a do cruzamento das ruas Machado de Assis, Barão de Guaraúna e Cambará, no bairro Juvevê.

O diretor de planejamento do Ippuc, Ricardo Bindo, e o engenheiro Paulo Malucelli dizem que a implantação de uma rotatória depende do tipo de tráfego e da área disponível em cada cruzamento. "O objetivo deste equipamento é resolver um conflito de tráfego. A rotatória faz uma democracia da preferência", afirma Malucelli. "A rotatória funciona quando se tem um tráfego equilibrado nas vias do cruzamento. Não serve para tudo", complementa Bindo.

Em relação ao Hugo Lange, Bindo adianta que a implantação de pequenas rotatórias em cruzamentos das ruas Augusto Stresser e Padre Germano Mayer já foi descartada, por serem ruas com tráfego mais intenso e maior circulação de pedestres. Já existem projetos para as duas vias nos próximos anos – a primeira será revitalizada e a segunda fará parte de um binário com a Rua Camões. Para os demais cruzamentos, o instituto já levantou as características das esquinas, mas ainda faltam estudos de tráfego, sem previsão de conclusão. "Tem de ser aplicada com bastante critério para que não se torne um problema", diz Malucelli.

O engenheiro explica que cada rotatória tem uma capacidade específica, de acordo com o espaço existente para a circulação dos veículos. "Ela tem uma tendência de se autotravar se for necessária a implantação de semáforos ou se o movimento de veículos for maior que a capacidade dela."

Para o engenheiro Pedro Aki­shino, professor de engenharia de tráfego e segurança no trânsito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), as minirrotatórias podem ser uma solução em bairros com pouco movimento. "É uma solução para reduzir o número de acidentes, não uma solução de trânsito. O perigo de acidentes é menor", sentencia. "Cada cruzamento precisa ser analisado e verificado. Dependendo do tráfego não resolve nada." Knecht acha que é preciso experimentar. "Pode ser que não funcionem, mas não chegam a ser uma grande obra", considera Knecht. Entretanto, se funcionar, ele acredita que a iniciativa do Hugo Lange possa servir de exemplo para outros bairros.

Serviço:

A próxima reunião do Conselho Comunitário de Segurança Pública do Hugo Lange está marcada para o dia 14 de dezembro, às 19h30, no Positivo Jardim Ambiental (Rua Itupava, 985)

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Interatividade

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