PM monitora redes sociais contra brigas
Como grande parte das brigas de escola começa no mundo virtual, o serviço de inteligência da PM tem uma equipe que monitora redes sociais. Grupos rivais de escolas diferentes combinam de se encontrar para brigar. Quando os envolvidos são identificados, chamam-se os pais e a direção. Na maioria das vezes, os pais optam por uma conciliação no próprio ambiente escolar.
No caso de encaminhamentos à delegacia, explica o delegado Jairo Estorílio, a primeira tentativa é o contato com os pais. Geralmente, firma-se um termo de compromisso e a audiência é marcada para o dia subsequente. Quando os pais não vão, o que ocorre em 35% dos casos, aciona-se o conselho tutelar da região. "A punição varia, indo de advertência ou recolhimento num centro de socioeducação."
No colégio Nossa Senhora de Fátima, no Tarumã, uma forma de inibir violência e atos de vandalismo foi a instalação de câmeras nos corredores. "Olha só, é assim que começa uma briga", fala a diretora Iara Godoy, enquanto aponta dois alunos trocando chutes "de brincadeira" na tela que fica na sala da direção. "Um dia, dois alunos se infiltraram em outra turma e, quando a professora viu, estavam colocando fogo no cabelo de um menino. A patrulha veio, chamamos os pais, mas eles preferiram não fazer representação", recorda.
Todo dia pelo menos um estudante é encaminhado à Delegacia do Adolescente de Curitiba pelos policiais militares do Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária. Jovens estudantes respondem por dez por cento dos 180 encaminhamentos mensais, dos quais 50 resultam em apreensão. Na rua ou no colégio, de uniforme ou evadido da sala de aula, as causas dos atos infracionais incluem uso de drogas, tráfico, roubos, furtos e lesões corporais.
O delegado Jairo Estorílio registra ainda outra média mensal produzida por adolescentes: 100 boletins de ocorrência registrados por ameaças ou agressões. "É bem comum que injúrias ou calúnias comecem em redes sociais. Isso ocorre em 30% dos casos, mais ou menos."
Criado em 2008, o Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária trabalha para mudar esses números, investindo em ações preventivas, que ocupam 97% do tempo do efetivo, cujos números a PM não divulga. Geralmente, uma dupla de policiais acompanha a entrada e a saída de três colégios, observando movimentações estranhas e orientando sobre cuidados como o uso do uniforme.
"São os momentos em que geralmente ocorrem as brigas ou em que pessoas mal intencionadas circulam perto da escola", explica o tenente David Parise do Amaral, coordenador de policiamento da unidade do 20.º Batalhão da PM. Nos outros períodos, os policiais ouvem diretores, patrulham a vizinhança, atendem ocorrências do 190 e dão palestras espontâneas ou planejadas.
"Às vezes, o diretor está com um problema, como pichação ou tráfico, e nos convida a conversar com uma turma. Mas também temos um tema norteador todo ano. Neste, é o resgate de valores", explica o tenente. Cerca de 70% dos municípios paranaenses são atendidos pelo BPEC, que dá preferência a escolas estaduais. "Na municipal, pela idade dos alunos, praticamente não dá problema", justifica.
O resultado da presença da PM nas escolas curitibanas é difícil de medir, mas a segurança aumentou na percepção dos diretores. Quando assumiu a direção do colégio Amâncio Moro, no Jardim Social, há três anos, Willie Anne Provin se deparou com problemas como suspeita de tráfico dentro da instituição. "Hoje é bem mais tranquilo, alguns alunos saíram, outros mudaram de atitude. Incentivamos a comunidade a denunciar pelo 181."
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