Corredor de prédios na Avenida Marechal Deodoro foi um dos pontos analisados.| Foto: Lineu Filho/Gazeta do Povo

Saber a quantas está o ar de Curitiba é boa parte do trabalho do professor Ricardo Godoi, do Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Desde que voltou de um período no exterior, ele passou a se preocupar mais intensamente com a poluição atmosférica. O programa de monitoramento que coordena já tem uma década. Nesse tempo, ele percebeu altos e baixos na qualidade do ar de Curitiba – há dias complicados, mas, na maior parte do tempo, é bem respirável.

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O que mais preocupa é a partícula do mal. A fuligem expelida pelos veículos, especialmente por caminhões e ônibus, muitos deles mal regulados, não apenas “preteia” paredes e muros. Ela tem características que a tornam uma vilã. É muito pequena: menor que 2,5 micrômetros – sendo que a maior parte dos equipamentos é capaz de detectar apenas partículas de até 10 micrômetros. Com esse tamanho, consegue entrar no sistema respiratório e chegar aos alvéolos pulmonares. Além disso, conta Godoi, ela funciona como uma esponja, absorvendo gases tóxicos que estão no ar. O professor relata que há pesquisas relacionando a quantidade de fuligem respirada e a reduções na expectativa de vida. “O que posso dizer é que Curitiba não é a melhor nem a pior cidade para se morar.”

O mais recente levantamento, feito em parceria com a pesquisadora Gabriela Polezer, buscou monitorar as partículas suspensas no centro da cidade em comparação com uma área mais afastada e arborizada. Durante um mês, entre julho e agosto, equipamentos registraram a poluição no corredor de prédios formado na Avenida Marechal Deodoro (na altura dos pedestres e no alto de um edifício de 22 andares) e no Centro Politécnico da UFPR, no Jardim das Américas. O resultado foi surpreendente: o nível de poluição nos dois lugares ficou bem semelhante. O fato de o campus ficar entre duas vias de fluxo intenso de tráfego, a BR 277 e a Linha Verde, pode ter influenciado. Os horários de pico e a quantidade cada vez maior de veículos em circulação interferem na qualidade do ar que os curitibanos – de todos os cantos da cidade – estão respirando.

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