Subiu para quatro o número de travestis assassinadas nos últimos 30 dias em Curitiba. A última foi morta a tiros ontem de madrugada, no bairro das Mercês. O corpo de Dara, como era conhecida a vítima, foi encontrado dentro de um Uno branco, roubado no último fim de semana. Ela não tinha documentos.
Um vigilante contou que ouviu cinco tiros por volta das 2 horas e logo adiante viu o Uno encostando no local. "Eles pararam atrás de uma caçamba de lixo, aqui na Rua Mamoré. Em seguida, um homem desceu com duas mulheres, deixando a porta do motorista aberta. Eles saíram correndo. O corpo estava caído entre os bancos da frente. A travesti era siliconada e estava seminua, só de calcinha e cinta-liga", lembrou.
A vítima morou no pensionato Transtar, no centro de Curitiba, quando chegou na cidade, há cerca de 2 anos. "A sua família é de Minas ou de Goiás", afirmou Samantha Volcan, que hospeda travestis que migram de outros pontos do país para se prostituir em Curitiba. Já Márcio Marins, da Aliança Paranaense pela Cidadania LGBT, informou que ela não tinha ponto certo, mas que era vista com frequência no centro da cidade.
Investigação
Por enquanto, a Polícia Civil descarta a ação de um grupo radical e também a ação de um serial killer. A delegacia de Homicídios de Curitiba analisa as imagens feitas por três câmeras de segurança de imóveis na Rua Mamoré para tentar esclarecer o crime das Mercês.
As outras três vítimas foram Jennifer, morta no centro de Curitiba no último dia 6, e Fernanda e Juliana, assassinadas no Trevo do Atuba, nos dias 4 de maio e 27 de abril, respectivamente.
Segundo a polícia, Jennifer foi morta porque tinha uma dívida com um traficante. "A Justiça decretou a prisão de três pessoas [um traficante e duas travestis], mas a investigação ainda não terminou", afirmou o delegado Hamilton da Paz, titular da Delegacia de Homicídios.
Em outro assassinato, a polícia trabalha com a hipótese de vingança, pois uma das travestis mortas seria alta, forte e acostumada a bater para roubar e extorquir seus clientes. O outro caso continua sem pistas.
Preconceito
As organizações não-governamentais (ONGs), que defendem os direitos do grupo lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros (LGBT), não aceitam as primeiras conclusões das investigações. "A polícia sempre vai falar de tráfico, briga e roubo porque o preconceito é muito grande", afirma Márcio Marins.
De acordo com o Terceiro Relatório de Direitos Humanos do Brasil, o Paraná concentrou a metade dos assassinatos de gays, lésbicas e travestis no anos de 2003 a 2005. Foram 13 dos 26 casos da Região Sul.
Em razão dos últimos casos, a Aliança Paranaense pela Cidadania fez manifestação no último dia 18. O grupo se concentrou com cartazes na Boca Maldita e, depois, participou de um seminário sobre direitos humanos na Câmara Municipal.
Skinnheads
O Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) investiga o ataque a um aluno de Ciências Sociais da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ele foi espancado no dia 23 de março, no Alto da XV, por cerca de 10 homens de cabelos raspados e com trajes de skinheads de orientação neonazista. A Secretaria da Segurança Pública informou que o Cope espera a vítima se restabelecer para tentar identificar os agressores.
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