O uso de instalações militares foi a saída encontrada em Curitiba, pela direção dos Correios, para diminuir o impacto da greve dos funcionários, iniciada ontem. Enquanto os grevistas impediam a entrada e saída de caminhões do prédio-sede dos Correios, no bairro Rebouças, a chegada, separação e encaminhamento das correspondências eram realizadas no quartel do bairro Boqueirão. Mesmo assim, alguns serviços foram suspensos e empresas ficaram sem receber correspondências.
O atendimento e o recolhimento de correspondências nas agências ainda não foi afetado. A entrega nos domicílios, no entanto, não está garantida. Entidades sindicais e a GVT, por exemplo, não receberam a visita do carteiro ontem. Os serviços de entrega urgente (Sedex 10, Hoje, Mundi e Disque Coleta) foram suspensos temporariamente e as companhias que prestam serviços semelhantes no Paraná devem calcular hoje o aumento da procura decorrente da greve. Segundo o gerente da TNT Express, Alceu Gomes, o número de ligações pedindo informações até o meio da tarde havia passado de cinco para quinze, mas as encomendas não chegaram a ser realizadas.
Segundo Mari Daniele Machado, diretora do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná (Sintcom-PR), a paralisação dos carteiros impede a distribuição das cartas, mesmo com a adoção de um plano emergencial por parte dos Correios. "A empresa pode tercerizar a triagem, mas dificilmente conseguirá fazer a distribuição, até porque no interior do estado a adesão à greve é quase total", diz ela.
Ontem, o sindicato calculava uma paralisação de 80% dos funcionários dos Centros de Distribuição Domiciliar de Curitiba. A ECT alega que a adesão é de apenas 15% dos funcionários operacionais. No departamento de atendimento, não houve paralisação.
Segundo a assessoria de imprensa dos Correios, os grevistas barram a entrada da maioria dos empregados que desejam trabalhar. As polícias Federal e Militar foram chamadas, por volta das 16 horas de ontem, para assegurar a passagem de funcionários e veículos no prédio central do Rebouças, mas, depois de uma conversa entre representantes das polícias, dos Correios e do Sintcom, os policiais deixaram o local. A diretoria regional dos Correios pediu na Justiça a liberação da entrada e saída de funcionários e veículos e espera a concessão de uma liminar impedindo os bloqueios.
Adesão
80% dos funcionáriosdos Correios no Paraná estão parados, segundo o sindicato. Os Correios estimam que o porcentual é de 15%.
2 mil pessoasforam contratadas temporariamente, em todo o país, para substituir os funcionários que aderiram à paralisação.