Destino incerto
O imóvel onde ocorreu a tragédia está sob responsabilidade da Justiça e a empresa proprietária não sabe o que fará com ele. Familiares das vítimas defendem que ele dê lugar a um memorial.
Começou ontem uma operação de limpeza do interior do prédio da boate Kiss, em Santa Maria (RS), onde um incêndio provocou a morte de 242 pessoas em janeiro de 2013.
Técnicos contratados pela empresa proprietária do imóvel vão recolher fuligem e destroços que podem conter resíduos tóxicos gerados pelo fogo. No ano passado, uma análise de resíduos feita pelo Centro de Referência em Saúde do Trabalhador apontou a presença no local de ao menos 17 substâncias químicas nocivas à saúde.
Durante a limpeza, a fachada da boate e o telhado serão revestidos com lonas para evitar a disseminação da poeira tóxica. A rua em frente à casa noturna permanecerá interditada enquanto durar o trabalho, que pode se estender por mais de uma semana. Na manhã de ontem, começou a montagem da estrutura de proteção no local.
A empresa dona do imóvel, a Eccon Empreendimentos, não pertence aos donos da boate, que alugavam o prédio, mas a Justiça gaúcha a obrigou a realizar o procedimento de limpeza devido ao risco ambiental.
O custo total da operação é estimado em R$ 100 mil. A empresa pretende buscar o ressarcimento das despesas com os réus que respondem pelas mortes na Justiça.
Dois sócios da casa noturna, o vocalista da banda Gurizada Fandangueira e o produtor do grupo ficaram quatro meses detidos em 2013 e são acusados de 242 homicídios. O processo ainda está na fase de audiências com testemunhas.
O prédio da casa noturna, no centro do município, está fechado apenas com tapumes e permanece praticamente da mesma maneira que estava logo após a tragédia.
Grande parte do interior do prédio ainda está intacto, já que o fogo não chegou a atingir todos os cômodos. As vítimas morreram porque entraram em contato com uma fumaça tóxica liberada pela queima de uma espuma usada como revestimento acústico.
Acesso
Três familiares de vítimas pediram à Justiça para entrar no local para procurar pertences. O juiz responsável disse que a Fundação de Proteção Ambiental do Estado deve avaliar a viabilidade do pedido e analisar a possibilidade de agrupar objetos encontrados na operação de limpeza para a entrega aos parentes. Na semana da tragédia, documentos e telefones celulares que estavam no prédio foram recolhidos pela polícia.
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