Habitantes - Nova Aurora e Cafelândia em lados opostos
Nova Aurora é uma das cidades das margens do Rio Piquiri na Região Oeste que teve maior índice de perda de população: 14,02%. Para o prefeito Pedro Leandro Neto (PMDB), no entanto, a cidade recebeu um alento e deve começar a reverter o quadro nos próximos meses. Nova Aurora vai sediar um frigorífico de peixes será o primeiro do país a trabalhar em regime de integração com os produtores, como ocorre no setor de frangos e porcos.
Segundo o prefeito, vai gerar 100 empregos diretos na cidade. A unidade começa a funcionar no início do próximo ano e tem a previsão de dobrar a mão-de-obra a partir do primeiro ano de atividades.
"A nossa chance de conter a migração é oferecer emprego. Mas não é fácil conseguir novas empresas para uma cidade pequena", diz. Para ele foram a monocultura e as políticas agrícolas fracassadas que provocaram a evasão de populações do interior.
No caso de Nova Aurora, avalia o prefeito, muitos moradores mudaram-se nos últimos anos para uma cidade vizinha, ainda menor, Cafelândia, mas que tem um frigorífico de aves de uma cooperativa e gera empregos. Cafelândia está entre as cidades do Oeste cuja população mais cresceu: 17, 01%. Passou de 11.138 moradores para 13.043. (CH)
Cascavel Dados da contagem populacional recém-divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acabam de comprovar o que boa parte dos moradores do Oeste paranaense já desconfiava. O número de habitantes das pequenas cidades da região está encolhendo por causa da falta de oportunidades de trabalho. Dos 48 municípios pesquisados, 28 registraram queda na população. Desses, dez estão situados na margem do Rio Piquiri. A redução já compromete as finanças dos municípios, que recebem uma fatia cada vez menor do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) o repasse é feito com base no número de habitantes.
Grande parte dos moradores que vivia nos municípios menores em décadas anteriores migrou para grandes centros urbanos do Oeste, como Foz do Iguaçu, Cascavel e Toledo. Essas cidades, mais estruturadas, também atraíram pessoas de outras regiões do estado nos últimos sete anos. Prova disso é que a Região Oeste ganhou quase 100 mil habitantes desde 2000.
Os pequenos municípios, especialmente os localizados às margens do Piquiri, não têm estrutura suficiente para segurar os moradores mais jovens. Curiosamente, Piquiri, na língua tupi, significa "rio de peixes pequenos". Das 13 cidades, apenas três tiveram crescimento populacional e mesmo assim com índices modestos: Guaíra (0,04%), Iguatu (1,01%) e Palotina (7,02%). Já Nova Aurora, Formosa do Oeste, Campo Bonito, Iracema do Oeste, Assis Chateaubriand, Anahy, Braganey, Corbélia, Terra Roxa e Diamante do Sul perderam população.
Histórico
Não é de hoje que os municípios pequenos sofrem com a debandada de moradores. É o caso de Assis Chateaubriand, considerada a cidade pólo do chamado Médio-Oeste paranaense, que tem atividades comerciais, industriais e até uma faculdade. Segundo o IBGE, a cidade tinha 54.631 habitantes em 1980. Agora são só 31.630 moradores.
Se todas as 23 mil pessoas que deixaram Assis nos últimos 27 anos tivessem formado uma nova cidade, ela seria a décima maior da Região Oeste, atrás de Foz do Iguaçu, Cascavel, Toledo, Marechal Cândido Rondon, Guaíra, Medianeira, Palotina, São Miguel do Iguaçu e Assis Chateaubriand.
A prefeita de Assis Chateaubriand, Dalila José de Mello (PTB), lamenta as limitações que a redução populacional impõe. Comparando com o que a cidade recebia do FPM em 2004, ela recebe hoje R$ 100 mil a menos, mensalmente. "Eu cheguei aqui quando a cidade tinha 118 mil habitantes, em meados dos anos 70", diz.
Na época a agricultura ainda não era mecanizada e o município plantava muito café e hortelã, que ocupavam mão-de-obra. "A lavoura foi mecanizada e a monocultura tomou conta, principalmente nos anos 80, quando o café já tinha acabado e o hortelã estava no fim. Sem opção, as pessoas foram embora da zona rural", conta Dalila. Hoje, a prefeita admite que a situação é bastante difícil e vê como uma das poucas possibilidades investir no fomento às microempresas para oferecer mais empregos e conter a migração.
O publicitário Elvis Cândido Lima, 44 anos, é um exemplo. Mudou-se de Umuarama para Assis Chateaubriand em 1988. Montou uma agência e chegou a ter três funcionários, mas sem maiores possibilidades econômicas, mudou-se com a empresa para Cascavel em 2001. Investiu pouco mais de R$ 1 milhão na nova cidade e hoje tem 14 funcionários. "Eu precisava centralizar os negócios numa cidade maior. Se Assis me desse as condições comerciais de que necessitava, não teria trocado ela por nenhuma outra cidade."
Outro que saiu de Assis para Cascavel foi o administrador Édson Braga da Silva, 41 anos. Mudou-se com a família para Assis ainda bebê. Cresceu e trabalhou na roça com o pai até os anos 80. Depois seguiu o rumo de muitos outros jovens e foi fazer faculdade fora. Cursou Administração em Umuarama. Arrumou emprego como estagiário num banco, trabalhou em consultoria na região até 2005, quando mudou-se de vez para Cascavel. Ele espera fechar a venda de sua casa em Assis nos próximos dias. "A cidade tem pouca opção para segurar os jovens. Não tem emprego. Ou se é agricultor, professor, bancário ou pequeno empresário", avalia Braga.
Somando todas as 50 cidades da Região Oeste, a população total chega a 1.238.498 pessoas. Foz e Cascavel, por terem mais de 170 mil habitantes, não tiveram pesquisa local no Censo 2007. Os números do IBGE relativos a estas cidades são projeções a partir da média de crescimento dos últimos dez anos. Foz ganhou perto de 50 mil novos habitantes, chegando a 310 mil, e Cascavel recebeu mais 40 mil moradores, ficando com aproximadamente 284 mil.
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