Quatro cidades do Paraná não têm acesso pavimentado. Só “comendo poeira” para chegar a Guaraqueçaba, Mato Rico, Doutor Ulisses e Coronel Domingos Soares. A Gazeta do Povo mostrou que o cenário era o mesmo em 2010, revelando que os municípios clamavam por obras que permitissem rapidez e conforto na ligação com outras localidades. Passados cinco anos, nada mudou – nem a situação de pobreza que é comum nas quatro cidades.
Em Coronel Domingos Soares, a batalha para conseguir a pavimentação já dura 18 anos – quando a cidade foi oficialmente criada. “Já vinha lutando pelo asfalto desde quando era distrito”, conta o prefeito Valdir Vaz. Ele relata que a falta de uma rodovia pavimentada atrapalha, principalmente, o escoamento da produção agrícola. Em tempos de chuva, a situação piora. “O comércio também sofre muito”, diz. A dificuldade para que os produtos cheguem à cidade encarece o custo de vida. Até o combustível é mais caro por lá. A rotina de sofrimentos atinge os estudantes, que encaram a estrada para buscar educação em cidades vizinhas.
Não é qualquer caminhoneiro que quer enfrentar a estrada ruim. E isso acaba encarecendo os serviços. Aí há a situação de um município que não é pobre porque não produz, mas porque não consegue ficar competitivo
São apenas 17 quilômetros de estrada de chão até Palmas, no Sul do Estado, mas o trajeto chega levar uma hora. O valor estimado para resolver o problema é de R$ 40 milhões. Enquanto o dinheiro para pavimentar a PR-912 não é investido pelo governo estadual, a prefeitura vai aplicando o pouco que tem para cascalhar a estrada. É insuficiente. “Como o município é muito extenso, são 5 mil quilômetros de estrada de chão para cuidar”, comenta. É frequente que alguns dos 300 caminhões e dos 100 carros que passam pelo trajeto encalhem. “Se tivesse asfalto teria mais empresas e mais armazéns na cidade”, acredita.
A penúria vivida em Coronel Domingos Soares se repete nas demais cidades sem ligação asfáltica. Não é à toa que Doutor Ulisses, encravada no Vale do Ribeira, não consegue sair da situação de menor índice de desenvolvimento humano do Paraná. As condições de renda, de saúde e de educação são consideradas as piores – e boa parte do problema se deve à dificuldade de acesso. Convencer alguém, como um médico , a trabalhar em Doutor Ulisses não é tarefa das mais fácil. A vida também é difícil para quem recorre ao sistema de saúde fora da cidade – e precisa encarar a estrada.