Guerra territorial com mortes indiscriminadas
Para o sociólogo Julio Jacobo Waselfisz, responsável pelo Mapa da Violência, elaborado pela Rede de Informações Tecnológicas Latino-Americana (Ritla), os últimos acontecimentos no Paraná envolvendo chacinas, em que os suspeitos estão ligados ao tráfico de drogas, é a conseqüência de uma sociedade corroída moralmente e sem políticas públicas eficientes. Na opinião dele, os jovens têm estado cada vez mais envolvidos em mortes violentas pela facilidade de aliciamento. Segundo o especialista, a juventude é o receptador mais vunerável da sociedade. "O jovem, quando quer testar seus limites, entra em áreas que não de-veria entrar", comenta. Para evitar o contrabando e o tráfico, é preciso ter atuação policial nos locais já identificados. "Em áreas de fronteira, ocorre uma guerra territorial, com morte indiscriminada", diz.
Criminalidade na região é crescente
A região metropolitana de Curitiba excetuada a capital é a que mais registra homicídios no estado. Foi assim no primeiro trimestre deste ano, quando houve 192 casos, e no segundo trimestre, com 164. Os dados são da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp). Os números relativos ao terceiro trimestre do ano ainda não foram divulgados. E a violência é crescente na região: 29% de homicídios a mais na comparação entre o primeiro trimestre de 2008 e o de 2007. No segundo trimestre, o aumento de um ano para outro foi de 18%.
Balanço feito pela Gazeta do Povo com base nos relatórios do Instituto Médico-Legal (IML) mostra que de janeiro a julho foram registrados 44 assassinatos somente em São José dos Pinhais. O número é relativo a crimes violentos provocados por arma de fogo, agressão e arma branca.
Quando foram divulgados os balanços dos dois primeiros trimestres do ano a Secretaria da Segurança Pública atribuiu a maior parte dos assassinatos ao tráfico de drogas e à criminalidade de maneira geral.
Quatro pessoas foram assassinadas na madrugada desta sexta-feira, no Jardim Independência, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Outras duas pessoas atingidas estão internadas em estado grave. O crime pode ter sido motivado por tráfico de drogas, já que houve apreensão de maconha no local. Foram encontradas cápsulas de três calibres: .40, 380 e 38. Segundo a polícia, isso indica a presença de pelo menos três assassinos. Todas as vítimas foram baleadas na cabeça e a ação durou cerca de 5 minutos.
Foram mortos os irmãos Aline e Adriano Oliveira, de 11 e 15 anos, Daiane Guedes de Souza, de 15, e seu namorado, Aldair Ferreira, 38, conhecido como Zumbi. Os dois sobreviventes são uma mulher adulta e um jovem. De acordo com Osmar Antônio Dechiche, delegado chefe de São José dos Pinhais, os irmãos moravam no local há me-nos de 90 dias e Zumbi estaria há 15 dias com a família.
As investigações preliminares apontam que o crime foi um acerto de contas. "O possível alvo principal era Zumbi, pois ele já foi preso em 2006 e estava em liberdade provisória, mas ainda é muito cedo para afirmar algo", diz Dechiche. A polícia está ouvindo amigos e parentes para tentar encontrar os criminosos, mas ainda não tem pistas. "Eles moravam no bairro há pouco tempo e havia um fluxo muito grande de pessoas. Era uma espécie de mocó", afirma o delegado. Os dois adolescentes de 15 anos e Aline foram mortos dormindo. O corpo de Aldair Ferreira estava na cozinha. O jovem sobrevivente foi encontrado na sala.
Insegurança
O clima no bairro é de insegurança. Segundo os vizinhos, assassinatos são comuns na região. Eles dizem que a movimentação na casa era constante e sempre havia barulho de festa. "Escutamos muitos tiros. Eles vieram para matar mesmo, não perdoaram nem as crianças", diz um morador. Outro vizinho concorda com a tese da polícia e afirma que o acerto de contas não envolve pessoas do Jardim Independência. "O problema veio de fora. Esse pessoal já vem corrido para cá". De acordo com os policiais, os criminosos chegaram em dois carros.
A irmã de Daiane, F., 17, diz que a menina foi morar com o namorado porque brigava muito com a mãe. "A gente falava para ela encontrar alguém melhor, mas ela não escutava". Mas F. afirma que a irmã não era usuária de drogas. Aldair Ferreira, companheiro de Daiane, já havia sido preso por assalto e tráfico.
O rapaz que sobreviveu foi atingido por um tiro na boca e a bala ficou alojada no pescoço. No início da manhã de ontem ele foi submetido a uma cirurgia. Ele não corre risco de morte, segundo o hospital. Segundo os médicos, o rapaz chegou consciente ao hospital. Ele teria dito que não lembra de nada do que aconteceu nem conhece nenhuma das pessoas que estavam no local da chacina. Teria informado, ainda, que é morador de rua há três meses por causa do uso de drogas.
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