Quatro pessoas foram presas nesta segunda-feira (9) suspeitas de obterem documentação de forma fraudulenta para retirar dinheiro do seguro DPVAT, que é destinado às vítimas de acidentes de trânsito. A fraude era comandada de dentro de uma empresa que fazia a intermediação para que o acidentado conseguisse dar entrada no seguro fornecido pela seguradora Líder DPVAT - que fornece o seguro para todo o país. Foram presos um policial militar, a esposa e a irmã dele e uma funcionária da empresa aberta para essa intermediação. A empresa estava em nome da irmã do PM.
Confira os passos para pedir o seguro DPVAT
1°: escolher um ponto oficial de atendimento. A lista completa com está disponível no site www.dpvatsegurodotransito.com.br ou pelo telefone 0800 022 1204. Agências próprias dos Correios também recebem gratuitamente os pedidos de indenização;
2°: reunir os documentos necessários de acordo com o caso - morte, invalidez ou despesas médicas;
3°: preencher o formulário com o pedido de indenização em um dos pontos autorizados;
4º: o pedido de indenização gera um protocolo, com o qual a vítima pode acompanhar o andamento do processo pelo site www.dpvatsegurodotransito.com.br ou pelo telefone 0800 022 1204.
De acordo com o delegado do 7° Distrito Policial (7° DP), Matheus Laiola, entre a pessoa que sofreu o acidente e a seguradora existem os atravessadores. No caso da empresa fechada, a forma como os documentos eram obtidos caracterizavam-se por atitudes criminosas. “Isso [obter os documentos] não é ilegal. O que é ilegal é a forma como essa empresa obtinha as informações sobre os acidentados”, diz.
A investigação concluiu que funcionários do Hospital do Trabalhador (HT) forneciam informações e contatos de acidentados para a empresa, segundo depoimento dos presos nesta segunda-feira. Para conseguir laudos que comprovassem problemas de saúde das vítimas de trânsito, os suspeitos sequer realizavam os exames nas vítimas ou, quando realizavam, elas eram orientadas a reclamar de dores causadas pelo acidente, segundo o delegado. Dessa forma, o seguro seria mais garantido.
Há suspeita de participação de dois médicos, os quais assinavam os laudos dos exames sem a presença das vítimas. “A gente encontrou inclusive documento assinado pelo médico, mas sem o nome do paciente. Ele deixava em branco para a empresa agir como ela bem entendesse”, explica Laiola. Os exames eram realizados ou na empresa suspeita ou marcado pela seguradora Líder DPVAT.
Policial
Além dessas informações privilegiadas, o policial militar preso também repassava à empresa dados sobre acidentes de trânsito para facilitar o trabalho nas fraudes na obtenção do seguro para a vítima. O PM trabalhava na cidade de Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba, na área de trânsito. “O policial tinha acesso em tempo real do acidente de trânsito”, diz. A prisão do policial teve participação da Corregedoria da Polícia Militar.
A empresa, que foi fechada judicialmente e agora não pode mais operar no mercado, estava no nome da irmã do policial. Ao menos dez procedimentos investigatórios foram abertos no 7° DP. Os presos serão indiciados por estelionato, falsidade documental e crime contra a relação de consumo. “Eles podem pegar até 18 anos de prisão”, diz o delegado.
Outro lado
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), que controla o Hospital do Trabalhador, informou por meio da assessoria de imprensa que ainda não foi notificada oficialmente sobre a investigação, mas que, caso seja necessário, o hospital vai colaborar com as investigações.
A assessoria de imprensa da seguradora Líder DPVAT informou que não tem conhecimento sobre a investigação em Curitiba. A empresa orienta as vítimas de acidentes de trânsito a não procurarem terceiros para a obtenção do seguro. Um dos motivos é que podem ocorrer fraudes e também porque a vítima pode sozinha dar entrada no DPVAT em uma agência dos Correios.
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