A Polícia Militar (PM) indiciou quatro soldados da corporação por envolvimento no caso de tortura contra o servente de pedreiro Ismael Ferreira da Silva, de 19 anos. O incidente ocorreu em 3 de março, dois dias depois da implantação da Unidade Paraná Seguro (UPS), no bairro Uberaba, em Curitiba. O relatório do Inquérito Policial Militar (IPM) instaurado para investigar as denúncias de tortura menciona que os policiais "participaram dos atos e dos fatos concernentes à apuração".
ATUALIZAÇÃO: policiais foram absolvidos
Os quatro policiais citados na reportagem foram absolvidos pela Justiça Militar Estadual, em decisão de agosto de 2013. O processo administrativo disciplinar aberto pela Polícia Militar foi arquivado em junho de 2015.
Nesta quarta-feira (16), a Gazeta do Povo teve acesso a parte do relatório do Inquérito Policial Militar, que documenta o ato de reconhecimento pessoal, no qual Ismael apontou três dos policiais militares que o teriam torturado. No procedimento, o rapaz detalha as agressões que teria sofrido de cada um dos soldados. Foram indiciados os soldados Carlos Roberto de Miranda, Murilo da Silva Pinto, Roberto Martins Siqueira e Yuri Cezar Costa dos Santos.
De acordo com o relato de Ismael no IPM, o soldado Yuri foi o mais "rigoroso". O policial teria usado uma luva cirúrgica para sufocá-lo e, ao longo da sessão, teria perguntado se o rapaz havia assistido a "Tropa de Elite", fazendo menção a casos de tortura retratados no filme. O PM teria ainda dado socos na barriga, tórax e rosto do servente de pedreiro.
No ato de reconhecimento, Ismael disse que o soldado Murilo portava um fuzil no instante da abordagem e que teria desferido socos contra o rosto do rapaz. O outro policial, o soldado Roberto, teria participado da sessão de choques elétricos a que o jovem foi submetido.
Ismael teria levado choques na barriga, no peito e na genitália. Roberto teria ainda fotografado o rosto do jovem com um celular e alterado a imagem com um aplicativo do aparelho. Em seguida, o soldado teria feito tortura psicológica, dizendo: "Que rosto bonitinho que você tem, vai ficar mais feinho depois" (sic).
O advogado do policial Carlos Roberto de Miranda, Eduardo Miléo, declarou, em nota enviada por e-mail que a defesa não vai se manifestar. "Neste momento a Defesa prefere ficar em silêncio, esperando a conclusão dos trabalhos do Inquérito Policial Militar, procedimento no qual iremos auxiliar, apresentando outras linhas investigativas ainda não exploradas. A pressão exercida por Movimentos Sociais trouxe à investigação parcialidade,o que acabou limitando e viciando a produção de provas", afirmou.
O documento será encaminhado à Corregedoria da corporação e, em seguida, será remetido à Vara da Justiça Militar Estadual. A Polícia Civil também faz uma investigação paralela à da PM para apurar eventuais crimes cometidos pelos policiais.
Caso
Segundo a denúncia, por volta das 17 horas de 3 de março, um sábado, Ismael saiu de casa e, de bicicleta, foi ao encontro de amigos. Após pedalar algumas quadras, o rapaz teria sido abordado por uma viatura da PM. Os policiais teriam iniciado as agressões ainda na rua.
O servente de pedreiro afirma ter sido colocado em um camburão e levado para casa sob xingamentos racistas e o imóvel foi vasculhado. Em seguida, Ismael diz ter sido levado para um descampado, onde foi submetido a agressões físicas e a choques elétricos. Depois de permanecer por algumas horas com os agentes, ele foi levado a uma delegacia, onde não foi reconhecido como autor do assalto pela própria vítima.
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