Depois de quase quatro décadas de espera, o romance entre Otávio João Straub, 54 anos, e a artesã Celita dos Santos Freitas, 52, que começou no bairro Barreirinha, em Curitiba, enfim terminou em casamento. Eles se uniram ontem à tarde, em cerimônia na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba, onde o noivo cumpre pena por assalto. Quatro casamentos foram realizados dentro do programa Justiça Penitenciária, promovido pela Divisão Assistencial e Seção de Assistência Social da PCE e coordenado pela juíza Joeci Machado Camargo, da 4.ª Vara da Família de Curitiba. Quarenta e dois detentos participaram das ações, que incluíram divórcios e reconhecimentos de paternidade.
"A gente se conheceu quando eu tinha 15 anos e ele 17. Tive uma filha, hoje com 36 anos, mas ele foi para o Rio de Janeiro e nossas vidas tomaram rumos diferentes", lembrou Celita. Eles se casaram com outras pessoas e se separaram, mas Otávio nunca perdeu o contato com a filha. "Um dia ele falou que queria me ver", contou Celita, que reviu o ex-namorado na penitenciária. "Nada mudou. E decidimos nos casar porque somos religiosos e não queremos viver em pecado."
Outra história de amor consagrada ontem é a da costureira Marielse Fernandes, 36 anos, e de Cristiano Voltolini, 28, que também cumpre pena por assalto. Eles se conheceram há cerca de oito anos, chegaram a morar juntos e têm um filho de 7 anos. "Ele é bom pai e bom marido. E eu não pressionei, foi de livre e espontânea vontade", brincou a noiva. A mãe de Cristiano, Veneranda Vicente Voltolini, 68 anos, já prepara uma festa para quando o filho ganhar a liberdade provisória. "É que eu vou sair daqui casada, mas vou chegar em casa sozinha", afirmou Marielse. Cristiano só pensa em levar uma nova vida. "Fazia tempo que a gente queria se casar. Agora, tudo vai ser melhor", disse.
A cerimônia conjunta teve as presenças de um padre e de um pastor evangélico. "Já perdi a conta dos casamentos que fiz. Mas agora será apenas uma bênção", afirmou o padre Bertrand de Vetter, da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, que fica no bairro Sítio Cercado, na capital. Para o pastor Onésio Custódio Jorge, da Igreja Universal do Reino de Deus, as uniões ajudarão os detentos a se recuperar. "É um compromisso que essas pessoas estão assumindo, de serem fiéis e reconstruírem suas vidas."
Segundo a juíza Joeci, os detentos pedem para se casar. "Só não saíram mais (casamentos) hoje porque muitos deles não têm a documentação necessária", revelou. "Isso mostra que há possibilidade de reintegração e que o casamento está cada vez mais firme." Para ela, a cerimônia foi especial. "Fui defensora pública aqui na PCE em 1985 e agora voltei. Primeiro divorcio, depois caso."
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