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Que saco... é pra pôr o lixo? Saiba o que muda com a nova coleta

Coletor carrega saco de lixo: no futuro, curitibano é que será o “gari” dos próprios resíduos. | H
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Coletor carrega saco de lixo: no futuro, curitibano é que será o “gari” dos próprios resíduos. (Foto: H enry Milleo/Gazeta do Povo/Arquivo)

Vinte e sete anos depois do lançamento do programa Lixo Que Não É Lixo, o curitibano será convidado a reforçar o hábito de separar os resíduos que produz. Um sistema de sacos de cores diferentes será distribuído aos moradores da cidade para que eles façam a separação do material orgânico dos recicláveis dentro de casa e, assim, ajudem o poder público a aumentar o reaproveitamento do lixo da cidade. A novidade foi anunciada na quinta-feira (23) pela prefeitura, que divulgou como será o novo sistema de gestão de resíduos da cidade.

Outra mudança é que o curitibano também poderá virar uma espécie de “ajudante” de gari no futuro. Tudo isso deve começar a ser implantado após uma licitação para escolher a empresa que vai cuidar dos resíduos da cidade, a ser realizada ainda em 2016. A ideia é que cada cidadão ajude a reduzir os custos do município com o lixo, uma despesa que sempre aumenta e cujo custo acaba sendo repassado ao contribuinte por meio da taxa de lixo, cobrada junto com o IPTU. No ano passado, a prefeitura arrecadou R$ 95,3 milhões com a taxa de lixo e gastou mais do que o dobro para fazer a gestão dos resíduos.

Veja o que a prefeitura quer mudar para mudar essa situação:

PARA O MORADOR

Dois sacos, duas cores, uma atitude

A empresa que vencer a licitação da coleta e transporte de lixo em Curitiba deverá fornecer para os moradores sacos plásticos coloridos para que os resíduos sejam separados. O modelo da embalagem a ser usado em Curitiba ainda não foi definido. “Pode ser de menor impacto ambiental ou reutilizável”, diz o secretário municipal de Meio Ambiente, Renato Lima.

O que está definido é que o pacote para materiais recicláveis (plástico, vidro, metal, papel e papelão) será azul em um tom transparente, que permita ver o conteúdo, e o do lixo orgânico (restos de comida) será preto.

O sistema de embalagens é uma tentativa de facilitar a separação dos materiais. Os sacos diferentes deverão ser colocados na rua e levados pelo caminhão do lixo. Com a separação prévia, ficará mais fácil para a empresa dar um destino adequada a cada tipo de material. O caminhão do lixo convencional leva os materiais orgânicos. E os veículos do Lixo Que Não É Lixo, os recicláveis. No futuro, se o hábito da separação se consolidar, pode ser que apenas um caminhão recolha os dois tipos de resíduos.

A proposta coloca o cidadão como o principal agente capaz de reduzir os custos do sistema. “Precisa de uma parceria com o curitibano, que fará o projeto ter sucesso. Porque é na casa das pessoas que a decisão de separar o lixo é tomada. O poder público é um facilitador”, afirma Renato Lima. Pelo novo modelo, as empresas contratadas serão incentivadas, por meio de estímulos financeiros, a reduzir a quantidade de resíduos gerados e a aumentar o índice de reciclagem – que hoje é estimado em 8%. Para isso, deverão convencer os moradores a participar de uma gestão colaborativa dos resíduos.

O caminhão é o cidadão

Talvez a maior mudança nos hábitos do curitibano proposta pelo novo modelo de coleta do lixo na cidade seja a de que os caminhões poderão deixar de passar em frente de casa e que o será o morador que terá de levar os resíduos até uma estação de coleta. Mas calma! Isso deverá ser feito numa etapa bem posterior.

“Ninguém vai pensar que daqui 30 anos o caminhão ainda passará nas casas para recolher o lixo”, afirma Renato Lima. Mas, para chegar a isso, não se imagina um prazo inferior a uma década.

A proposta de transformar o cidadão em um “ajudante” de gari será colocada em prática aos poucos. Para isso, nos próximos anos, o número de estações de sustentabilidade (foto) – locais em que os moradores das proximidades vão depositar materiais recicláveis – será ampliado. Hoje são 8. A prefeitura quer chegar a 200. Novamente, a ideia é reduzir os custos do sistema.

PARA A EMPRESA

Campanhas de conscientização

Além da distribuição das embalagens de cores diferentes para o cidadão, a empresa que vencer a licitação do lixo também será responsável pelas campanhas de conscientização. A ideia é que ela seja bonificada caso convença a população a gerar menos resíduos e a separar os materiais. Mas será punida quando houver, por exemplo, reclamações pela demora na coleta dos resíduos.

O lixo vai “passear” menos

Uma sacola de lixo colocada em frente a uma casa no bairro Cachoeira, no extremo Norte de Curitiba, roda 48 quilômetros até ser depositada no aterro sanitário que fica em Fazenda Rio Grande, município no Sul da Região Metropolitana. O passeio custa caro. A estimativa é de que o transporte consuma 70% da despesa com resíduos na capital.

Para tentar diminuir o “passeio do lixo”, o novo modelo de gestão prevê que os dejetos serão levados a estações de transbordo – ou áreas de transferência – e lá serão separados. Depois, serão carregados por veículos maiores para o aterro ou para a reciclagem. O número de estações e os locais serão definidos pela empresa vencedora da licitação, mas precisam ser ao menos duas, em regiões distantes do local de destinação final.

Separação para enterrar menos lixo

Uma das novidades do sistema será o MBT, sigla em inglês para Tratamento Mecânico e Biológico. Também chamado de biossecagem, será um sistema de separação do lixo recolhido. Braços mecânicos com imãs “puxam” os materiais metálicos. A água – que faz o resíduo ficar pesado – também será retirada. Parte do material que pode ser queimada como combustível, será enviada para fornos de indústrias de cimento. Aquilo que tiver potencial de reciclagem será retirado. O que sobrar será compactado, para ocupar menos espaço, e enviado ao aterro sanitário. O método pretende reduzir pela metade a quantidade de resíduos que são enterrados.

A justificativa para adotar o MBT é que uma grande quantidade recolhida pelos caminhões convencionais é de lixo reciclável enquanto que os veículos do Lixo Que Não É Lixo também levam resíduos que não podem ser reutilizados. Esses problemas na separação representam custos altos para o sistema – porque materiais que poderiam ser reaproveitados vão para o aterro, ao preço de R$ 65 por tonelada, e porque o resíduo orgânico que vai para o Lixo Que Não É Lixo precisa passar por um processo caro de separação.

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