Ao vetar o nome de mais um relator para seu processo – desta vez, Renato Casagrande (PSB-ES), que, embora da base aliada, não lhe pareceu suficientemente servil –, Renan Calheiros (PMDB-AL) dobrou a aposta num impasse que o mantenha vivo até o recesso parlamentar e ampliou a distância que o separa de um grupo crescente de colegas receosos de naufragar junto com o presidente da Casa. "Estávamos à procura de uma solução para o Senado", diz um cardeal governista não apenas sobre Casagrande, mas também sobre a tentativa, abortada na véspera, de emplacar a dupla Arthur Virgílio (PSDB-AM) e Aloízio Mercadante (PT-SP) no Conselho de Ética. "Mas o Renan só está interessado em uma solução para ele."

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Nem aí – A situação no Senado chegou a tal ponto que ninguém mais se preocupa em disfarçar o fato de que o próprio Renan indica e veta nomes para o conselho encarregado de investigá-lo.

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Test-drive – Na manhã de ontem, Ideli Salvatti (PT-SC) recebeu a missão de descobrir como Casagrande, anunciado relator na noite anterior, pretendia conduzir o processo. Como não gostou do que ouviu, saiu da conversa ressuscitando a idéia de "comissão tríplice" para cuidar do caso.

Treme-treme – Do desconvidado Casagrande, o relator que foi sem nunca ter sido: "Ou esse conselho se ajusta, ou vai cair antes do Renan".

Qualquer negócio – Uma saída discutida pela tropa de Renan é colocar Inácio Arruda (PC do B-CE) no Conselho de Ética e em seguida indicá-lo para a relatoria. O senador novato é um divulgador da criativa tese segundo a qual as denúncias contra o presidente do Senado são uma manobra para enfraquecer Lula.

A distância – Seguranças do Senado impediram ontem que jornalistas entrassem no cafezinho da Casa, ao qual a imprensa normalmente tem acesso. A ordem foi atribuída a Joaquim Roriz (PMDB-DF), que não queria ser incomodado com perguntas sobre a revelação de conversas telefônicas em que parece negociar a partilha de R$ 2 milhões. Coube a Heráclito Fortes (DEM-PI) liberar a entrada.

Terminal – De um parlamentar da base governista sobre o tom do discurso em que Joaquim Roriz tentou se explicar: "Ele ainda não entendeu a diferença entre um palanque em Samambaia e a tribuna do Senado. Talvez nem dê tempo de aprender".

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Nosso líder – Ironizado pelos poucos senadores que o assistiram, o discurso de Roriz ganhou elogios rasgados das funcionárias do cafezinho da Câmara, que pararam para assistir. "Votei nele várias vezes e vou votar para sempre", declarou uma delas. A claque levada pelo peemedebista abordava os senadores aos gritos de "Roriz é nosso pai".

Cereja do bolo – Mais uma da fase exuberante do Senado. Diante da desistência de Sérgio Guerra (PSDB-PE) em relatar a indicação do encrencado Luiz Pagot para a superintendência do Dnit, foi escolhido Jayme Campos (DEM-MT). Candidato e relator não são apenas conterrâneos: Pagot é nada menos que o primeiro suplente de Campos.

Megafone – À frente do barulhento grupo que gritava sem cessar "não" para derrubar o voto em listas partidárias no plenário anteontem, Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) enviou um e-mail aos colegas parabenizando-os pela vitória. Assinou a mensagem como "Maioria silenciosa".

Resgate – Acusado pela Polícia Federal de receber propina no esquema da empreiteira Gautama, o governador Jackson Lago (PDT) recebeu a visita de quatro ministros de Lula nos últimos dez dias. O apoio moral não pára por aí: na semana que vem, o titular da Justiça, Tarso Genro, desembarca no Maranhão.

TIROTEIO

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* Do senador Wellington Salgado (PMDB-MG) sobre o colega de partido Jarbas Vasconcelos (PE), que defende o afastamento de Renan Calheiros sob o argumento de que a Casa "está fedendo".

– Jarbas foi um bom governador, mas acaba de chegar ao Senado. Talvez esteja confundindo as portas e freqüentando muito os banheiros.