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Agronegócio

Queda nas vendas assusta veteranos

Há 33 anos atuando no meio rural, nove com sua própria imobiliária – a Rural Imóveis –, Sérgio Ávila garante que a situação jamais esteve tão feia. "Só atuo no ramo rural e posso garantir: é a pior situação que eu já vi", afirma o empresário, que trabalha em Ponta Grossa.

Os registros de Sérgio indicam que os preços caíram em geral: para terra mecanizada, pecuária, reserva geral e reflorestamento. "Em todos os casos, houve queda nos preços, sem exceção", sustenta Ávila.

Os negócios são principalmente calculados em sacas de soja. Em 2002, por exemplo, para se comprar um hectare de terra produtiva era preciso desembolsar 580 sacas, cotadas a R$ 55, ou algo próximo de R$ 29 mil.

Esses números hoje fazem os agentes imobiliários suspirar: o próprio Ávila tem uma proposta de venda de uma fazenda em que a cotação é de 413 sacas de soja o hectare. O complicador é que a saca, que chegou a custar perto de R$ 55, hoje está cotada em R$ 28, no máximo. "Essa mesma fazenda está hoje à venda por R$ 15,3 mil (o hectare), mas a melhor oferta que temos é de R$ 12,4 mil".

Em 2002, Ávila diz ter fechado cerca de dez negócios grandes, mas neste ano só conseguiu quatro: duas áreas pequenas e duas de reserva legal. "Em número de negócios, até que está razoável para o ano, mas os preços estão baixos demais."

Também com mais de três décadas de experiência, Leomar Kaminski, corretor da Marka, de Guarapuava, lembra com saudade de 2004, quando o hectare da terra mecanizável era vendido a R$ 20 mil. "Hoje é difícil vender terra lavrada por R$ 12 mil", reclama. Ele admite que a cotação registrada há 18 meses era insustentável: "Aquilo era uma coisa impensada, uma ‘bolha’, um estouro do preço do dólar. Mas o retrocesso foi demais. Em 30 anos, é a primeira vez que eu vejo uma coisa assim."

Os negócios, que alcançavam a casa das dezenas, hoje não passam de dois, e sempre em soja. A agravante é que ninguém que conheça o campo aposta na manutenção de cotações tão baixas. Assim, a compra de terra com base na cotação futura da soja pode ser uma péssima idéia, o que também entrava os negócios. Usualmente, as vendas são feitas com cotação em soja e pagamento parcelado: 40% à vista, 30% um ano depois e os 30% restantes no ano seguinte.

Se a cotação subir em 2007, o que parecia hoje um bom negócio pode se transformar num desastre e, se aumentar ainda mais em 2008 – dependendo dos humores do mercado externo – está pronta a receita da falência.

Essa indefinição, atesta Leomar, jogou as transações para um limite insustentável: "Hoje temos cinco, seis negócios por ano em toda a região de Guarapuava, inclusindo Pinhão, Palmital e Pitanga".

Para Gilberto Menoncin, da corretora Panorama, de Toledo, além de estar engessado, o mercado oferece risco para quem se aventura. "A situação está se agravando, por causa da indexação com produtos rurais, como soja e milho" , afirma.

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