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Aviação CIVIL

Quedas de aviões particulares somam 43% dos desastres aéreos no país

O carro de Varlete foi atingido pelo avião que caiu no sábado no bairro Bacacheri | Fotos: Albari Rosa/ Gazeta do Povo
O carro de Varlete foi atingido pelo avião que caiu no sábado no bairro Bacacheri (Foto: Fotos: Albari Rosa/ Gazeta do Povo)
A casa de Elisabete ainda cheira a fumaça após o acidente |

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A casa de Elisabete ainda cheira a fumaça após o acidente

Nos últimos 10 anos, em 43% dos acidentes aéreos registrados no Brasil havia aviões e helicópteros particulares (TPP, no jargão aeronáutico), categoria em que se enquadra o monomotor Cessna 177 que caiu no bairro Bacacheri, em Curitiba, no sábado. Os dados são do relatório Panorama Estatístico da Aviação Civil Brasileira do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). De acordo com dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), há quase 10 mil aviões particulares no Brasil, o que representa praticamente 50% de todas as aeronaves registradas no país.

Segundo o major Eduardo Fatime Michelin, do Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa), o número de quedas de aviões privados tem a ver com a falta de estrutura dos aeroportos em que pousam. "Geralmente eles decolam ou pousam em pistas que têm menos estrutura do que as de um aeroporto maior. Isso faz com que a operação seja, digamos, mais marginal. O aeroporto do Bacacheri tem grande volume de tráfego e, logicamente, a chance de acontecer acidentes também cresce", exemplifica.

De acordo com a Associação Brasileira de Aviação Geral (ABAG), entre os aeroportos de pequeno porte do país, o do Bacacheri é o terceiro mais movimentado. O último dado, de 2012, revela que, em 2011, o aeroporto curitibano registrou 52.786 pousos e decolagens. Ficou atrás apenas do Campo de Marte (SP) e de Jacarepaguá (RJ).

Causas

Do total de incidentes aéreos no Brasil, incluindo voos fretados e a aviação regular, 21,83% são decorrentes de falhas no motor durante o voo, 19,10% por perda de controle em voo e 12,50% por perda de controle no solo.

A investigação sobre a queda do avião em Curitiba ainda está em curso, mas a principal suspeita é um problema com o motor da aeronave. "É a principal suspeita, mas também faz parte de um procedimento padrão que a gente tem que fazer", conta Michelin.

Dos fatores que contribuem para os acidentes aéreos no Brasil, o relatório indica que o principal é o fator humano (15,64%)."É o julgamento de pilotagem. O profissional tem que tomar um decisão, mas acaba errando", comenta o tenente-coronel Marcos Antônio dos Santos, do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta II). Essa é uma das hipóteses, por exemplo, levantada por especialistas da Aeronáutica no caso da queda do avião do candidato à Presidência Eduardo Campos.

Vizinhos do Bacacheri estão acostumados com os "rasantes"

A representante comercial Elisabete Pascoal do Rosário, 45 anos, teve a casa atingida pelo monomotor que caiu no último sábado em Curitiba. Parte do muro e parte do teto da residência foram destruídos. No interior do imóvel, o cheiro de fumaça ainda está presente em um dos quartos.

Apesar do susto, Elisabete, que mora com os pais e a filha, diz estar acostumada com os aviões que passam pela região. "Claro que ficamos um pouco mais receosos por causa do acidente, mas quando eu vim morar aqui já imaginava. Estamos é inconformados com as vítimas", relata.

Além de Cleber Luciano Gomes e o sobrinho do deputado estadual Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), Silvio Roberto Romanelli, de 52 anos, o acidente matou também Mounir Saleh Brahim, de 48 anos. Um dos passageiros - Hélio Corrêa - seguia hospitalizado até ontem à noite, em estado grave.

40 minutos

Durante os 40 minutos em que a reportagem ficou na residência de Elisabete, ao menos dez aviões passaram pelo local; alguns, fazendo muito barulho, passavam em voos rasantes, bem próximos do telhado da casa de Varlete Nunes de Alves Polli, que mora na frente do imóvel de Elisabete.

No acidente de sábado, parte do avião atingiu o carro de Varlete. O teto do veículo ficou todo amassado. "Não dá nem para abrir a porta do motorista. Os vidros estão quebrados. Espero que alguém pague o prejuízo", diz. Até agora, segundo ela, ninguém entrou em contato.

Investigação

O acidente está sendo investigado pelo Cenipa. A principal suspeita é de falha no motor do avião, mas o órgão também está atuando em outras frentes. "Além do motor, temos outras linhas de investigação, como excesso de peso, problemas no balanceamento de carga e até erro operacional co­metido pelo piloto", relata o major Eduardo Fatime Mi­chelin, do Serviço Regional de In­vestigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seri­pa), braço regional do Cenipa.

Paraná é 8º estado com maior número acidentes aéreos

Nos últimos 10 anos, o Paraná foi palco de 6% de todos os acidentes aéreos ocorridos no país, levando em consideração os acidentes da aviação geral e aviação regular. O estado que apresenta maior número de acidentes é São Paulo (21,20%), seguido do Mato Grosso (10%), Rio Grande do Sul (8%), Pará (6,54%), Minas Gerais (6,36%), Rio de Janeiro (6,27%) e Goiás (6,18%).

Já no ranking de incidentes aéreos, quando não há mortes ou danos muito graves nas aeronaves, o Paraná ocupa o 4º lugar, com 8% dos casos, atrás de São Paulo (17,62%), Rio Grande do Sul (10,07%) e Minas Gerais (9,38%).

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