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Assassinato - Centronic descarta relação entre morte e trabalho na empresa

A Centronic Vigilância e Segurança descartou, ontem, qualquer ligação entre a morte do vigilante Gérson Parcianello, 30 anos, e suas atividades na empresa. Trovão, como era conhecido, foi morto na noite de terça-feira, em Curitiba, com seis tiros. Segundo amigos, ele vinha sendo ameaçado.

O advogado Elias Mattar Assad, que representa a empresa, diz que "o fato não tem relação com qualquer trabalho que ele tenha realizado para a Centronic". Já a assessoria de imprensa da empresa informa que Parcianello estava fora do quadro de funcionários desde o dia 14 de novembro, quando pediu dispensa da sua função para ir morar no litoral. Sua contratação tinha sido realizado em julho de 2006, mas ele já havia trabalhado na firma em outras ocasiões. O delegado responsável pelo caso, Jaime da Luz, da Homicídios, também considera improvável a versão de envolvimento com o trabalho que a vítima realizava. "As investigações estão partindo para o envolvimento com pessoas da região."

Segundo amigos que não se identificaram, Trovão estava trabalhando como segurança no bairro onde morava, o Uberaba, desde que tinha saído da Centronic. Ele aguardava uma vaga na empresa no litoral. A família da vítima desconhecia até o desligamento da Centronic.

Em nota oficial, a Centronic lamentou e repudiou uma denúncia anônima encaminhada à imprensa, segundo a qual Trovão seria o "braço-de-ferro para os serviços sujos (da empresa), com o aval dos donos".

Aline Peres

Foz do Iguaçu – As pessoas que contratarem serviços de empresas clandestinas de vigilância poderão ser punidas, caso o novo Estatuto Nacional de Segurança Privada seja aprovado. O Projeto de Lei 2.197/07, do deputado federal William Woo (PSDB/SP), estabelece pena de detenção de seis meses a dois anos, além do pagamento de multa de 5 a 50 salários mínimos para os contratantes dos serviços irregulares. A proposta prevê também fiscalização e punições mais rigorosas para o setor, com o intuito de combater a clandestinidade e o despreparo daqueles que atuam legalmente.

O projeto do novo estatuto, apresentado em plenário na semana passada, centralizou as discussões ontem, em Foz do Iguaçu, durante o Encontro das Empresas de Segurança Pública da Região Sul. Ele revoga a Lei 7.102/83, mecanismo legal que há 24 anos regula a atividade no país.

A iniciativa do deputado paulista incorpora o projeto 4.305, de autoria do deputado Eduardo Valverde (PT/RO), que tramita na Câmara desde 2004. "O novo estatuto envolve o agente mais importante do processo de segurança privada, que é o contratante. Isso será determinante para a melhoria do setor", aponta o vice-presidente da Federação Nacional das Empresas de Segurança Privada de Transporte de Valores (Fenavist) e presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado do Paraná (Sindesp), Jeferson Nazário.

Como destaca o presidente, os últimos casos envolvendo empresas de segurança – entre os quais a morte do estudante curitibano Bruno Strobel Coelho por seguranças da empresa Centronic – tiveram papel fundamental no status de urgência que o tema ganhou. Nazário admite que a proposta é polêmica, mas lembra que somente com um controle maior e punições mais firmes pode-se realmente garantir a segurança da população. "Muitas pessoas e empresas contratam serviços não autorizados por serem mais baratos – cerca de um terço do valor praticado no mercado legal – e, quando acontece qualquer problema, alegam desconhecimento da ilegalidade", eximindo-se de qualquer responsabilidade.

A execução do estudante Bruno, filho do jornalista esportivo Vinicius Coelho, ocorreu no dia 3 de outubro. O rapaz foi torturado e assassinado por vigilantes da Centronic Segurança e Vigilância Ltda. Autorizada pela PF, desde 2003 vinha sendo denunciada pelo Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região (SindVigilantes) por suspeita de uso irregular de armamento.

Outro caso que chama a atenção, desta vez com uma empresa clandestina, é o da morte do autônomo Sidney Costa Rodrigues, 24 anos. Alysson Daniel Martins, de 29 anos, proprietário da Impacto Assessoria, é apontado como o autor do homicídio e de ter mantido outras cinco pessoas reféns na mesma ocasião. O crime aconteceu na madrugada do dia 28 de outubro. Apesar de não ter a autorização da PF, a empresa de segurança privada vinha atuando na capital desde janeiro.

Conforme a estimativa do Sindesp, o setor concorre com um mercado informal três vezes maior que o formal. No Paraná, 70 empresas autorizadas empregam cerca de 18 mil vigilantes. Do outro lado, estão perto de 200 empresas operando na clandestinidade, com pelo menos 50 mil vigilantes. Mas o problema pode ser ainda mais grave do que parece, já que, conforme admite Nazário, ter a autorização para atuar não significa que tal empresa está livre de qualquer problema. "Observamos muito despreparo, mesmo entre as que trabalham legalmente", diz.

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