O movimento Mulheres Evangélicas pela Igualdade de Gênero (EIG) e a ONG Católicas pelo Direito de Decidir lançaram no mês passado uma carta pública em defesa da legalização do aborto. Na manifestação, os grupos afirmam que irão continuar a denunciar os “fundamentalismos religiosos” e que a decisão do aborto não deveria ser alvo de “arbítrios religiosos”.
O texto foi alvo de diversas críticas dentro e fora das igrejas, principalmente por dois motivos. Em primeiro lugar, ao contrário do que dizem as feministas, a condenação à prática do aborto, ao assassinato de um ser humano no ventre da mãe, não é uma questão religiosa, mas de direitos humanos fundamentais (no caso, o direito à vida), independentemente de uma pessoa acreditar ou não em Deus. Depois, chama a atenção o fato de as signatárias se considerarem “cristãs”, apesar da reprovação milenar do cristianismo a qualquer violência contra o não nascido.
Outras imprecisões no texto foram levantadas, como a afirmação de que uma “mulher morreria a cada dois dias vítima de aborto inseguro no Brasil”, o que não é verdade, nem contando com dados anteriores a 2017, ou que haveria mulheres presas por abortar no país, o que também é questionável, de acordo com dados do Ministério da Justiça.
As pautas dessas feministas
As Evangélicas pela Igualdade de gênero se denominam mulheres “cristãs” que “lutam pela igualdade de gênero, justiça social e que atuam para mudar a situação das evangélicas em suas igrejas e na sociedade”. O grupo usa o problema da violência contra a mulher na sociedade para defender pautas como o aborto (como solução a agressões contra mulheres) e outras da militância de esquerda.
A publicação mais recente em seu site é uma nota pública contra o Estatuto do Nascituro, proposta no Congresso que pretende garantir a proteção da vida humana desde a concepção. Para elas, o Estatuto seria “uma violência sem tamanho”, por supostamente ferir os direitos reprodutivos da mulher.
As pautas “progressistas” são defendidas com frases ou temas bíblicos e linguagem neutra. “E nós mulheres evangélicas sofremos no corpo juntamente com todas e todes outras (es) mulheres a dor, o medo de ser de ser mulher no Brasil”, escrevem.
“Não diferente das mulheres bíblicas ainda seguimos sendo silenciadas, invisibilizadas, desrespeitadas, perseguidas, violentadas e mortas por sermos mulheres. Por isso nós Mulheres EIG escolhemos, reconhecemos e nomeamos o Espírito de Deus pelo nome feminino RUAH, como consta nos originais hebraico, do Antigo Testamento, para afastarmos de nós o patriarcado que deseja dominar nossos corpos e espiritualidade. Ruah, para nós é a dimensão feminina de Deus”.
A ONG Católicas pelo Direito de Decidir também utiliza a religião para promover a legalização do aborto e questões de gênero. Apesar de adotar o termo “católicas”, a associação vai contra catolicismo. A Igreja Católica defende a vida desde a concepção e afirma que a prática do aborto é uma ofensa grave a Deus.
As “católicas” do grupo dizem que sua organização “apoia-se na prática e teoria feministas para promover mudanças em nossa sociedade, especialmente nos padrões culturais e religiosos”. A organização também emprega versículos bíblicos e discurso religioso para fomentar outras pautas de esquerda.
O nome da organização já esteve envolvido em uma ação na Justiça, quando a Associação Dom Bosco, constituída por católicos, solicitou que a organização não utilizasse mais o nome “católicas”. Em 2020, a 2.ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu que o movimento não poderia utilizar mais o nome, pois, segundo o relator, desembargador José Carlos Ferreira Alves, não é “minimamente racional e lógico, ademais, o uso da expressão ‘católicas’ por entidade que combate o catolicismo concretamente com ideias e pautas claramente antagônicas a ele”.
Mas, em setembro de 2022, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), analisando recurso especial impetrado pela associação feminista, declarou que o Centro Dom Bosco (CDB) não tinha legitimidade para postular em nome da Igreja. Com isso, a ONG continua utilizando o nome “católicas”.
Algumas ativistas e “teólogas feministas” estão a frente desses movimentos e contribuem para que esses grupos, que divergem dos ensinamentos tradicionais das igrejas cristãs, se intensifiquem.
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