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Conhecimento

Quem volta tem menos oportunidades

Um dos bolsistas da Capes que acaba de retornar ao Brasil após estágio na Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, é Eduar­do Bodnariuc Fontes, aluno de dou­­torado da Faculdade de Edu­­cação Física da Univer­sidade de Campinas (Unicamp). Mesmo con­­siderando a experiência no exterior como determinante em sua carreira, Fontes, que agora é bolsista do CNPq, está disposto a permanecer no Brasil. "Já fui convidado a retornar, no en­­tan­­to meu desafio é ficar e fazer os estudos de qualidade por aqui", ga­­rante. Ele diz acreditar, porém, que a tendência dos profissionais é o retorno para o exterior, onde há mais oportunidades de pós-doutorado.

Para Fontes, bolsas da Capes e de outras agências de fomento ajudam a incentivar a permanência do aluno na área de produção de conhecimento, mesmo que seja por tempo limitado. "Além da importante produção científica em si, com o desenvolvimento de trabalhos de pesquisa os alunos devem compartilhar todo o conhecimento teórico-prático com os colegas no Brasil", analisa. Para ele, o aumento da produção científica brasileira nos últimos cinco anos, aliado ao desenvolvimento econômico do país, está mudando a visão do que é ser um brasileiro. "Esta­­mos ganhando respeito e, claro, atraentes oportunidades internacionais. Por outro lado, os alunos pesquisadores, quando se formam e optam por permanecer no país, enfrentam dificuldades de continuar suas carreiras acadêmicas, já que ficam dependentes das limitadas vagas em concursos públicos."

Para evitar as fugas, Fontes de­­fen­­de, a médio e curto prazo, o au­­mento do número, valor e duração das bolsas de pós-doutorado no Brasil. A longo prazo, ele sugere a criação de postos de trabalho nas instituições de pesquisa e a busca por parcerias internacionais para um maior intercâmbio de profissionais.

Graduada pela Universidade Federal de Rio Grande (RS) e doutoranda pelo Instituto de Ornitologia Africana PercyFitzPatrick, da Uni­versidade da Cidade do Cabo, a oceanóloga Viviane Barquete também pretende se estabelecer definitivamente no Brasil quando re­­tornar. Para ela, é preciso que os in­­vestimentos em educação continuem crescendo para que se de­­senvolva a pesquisa no país.

Também otimista com o atual momento brasileiro, o engenheiro elétrico Eduardo Gonçalves de Lima teve duas oportunidades de en­sino no exterior. "Durante minha graduação na Unicamp, consegui uma bolsa para fazer du­­plo diploma na Itália", conta, referindo-se à modalidade de programa em que o aluno faz parte do curso no Brasil e parte no exterior, recebendo diploma das duas instituições. O diploma italiano facilitou a vida de Lima, que obteve bolsa para cursar doutorado na­­quele país sem a necessidade de fazer mestrado no Brasil. Após três anos, o engenheiro retornou ao Brasil. "Sempre quis voltar, e surgiu o concurso público para o cargo de professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR)", conta. "Para quem tem interesse na área acadêmica, o Brasil oferece grandes oportunidades." (AS)

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