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Você já tentou procurar desesperadamente por um endereço que ficava em uma tal de Avenida Comendador Franco, para só muito depois descobrir que tratava-se tão somente da Avenida das Torres? Ou descobriu que tinha perdido tempo e gasolina para visitar um amigo que mora no bairro Cajuru indo direto para os lados do Hospital Cajuru?

Pois bem, se sua resposta foi sim a uma dessas perguntas, saiba que você caiu em uma das "pegadinhas" de Curitiba. A capital paranaense é farta em pequenas armadilhas, incoerências e paradoxos, que acabam por ser uma marca da cidade.

Para todas as pequenas incoerências da cidade – ou para quase todas, ao menos – há uma boa explicação. O caso do Hospital Cajuru é o exemplo típico de desajuste entre a tradição histórica da cidade e a lei. A atual divisão geográfica de bairros de Curitiba foi criada oficialmente em 1975, pelo Decreto 774. Alguns bairros foram extintos, outros foram criados e outros tiveram sua área original modificada. O hospital, que foi construído em uma área que historicamente era conhecida como Cajuru, na divisão da década de 70 acabou ficando no bairro Cristo Rei – assim denominado por causa da igreja de mesmo nome e da linha de ônibus que ligava o Centro à região. O bairro Cajuru, por sua vez, acabou ficando menor. "Em alguns casos, não foi verificada a realidade de campo quando houve a divisão de bairros. Em outras situações, não se conseguiu contemplar a tradição histórica", explica o diretor de pesquisa e banco de dados do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Lourival Peyerl.

Além do caso do Hospital Cajuru, o decreto de 75 criou algumas outras situações curiosas (veja nesta página). Apesar disso, Peyerl defende a manutenção da atual divisão, mesmo com suas incoerências. "Desde a década de 70 podemos acompanhar estatisticamente a evolução dos bairros. Do ponto de vista estatístico, é importante que se mantenha a atual divisão", diz o diretor do Ippuc. Mudanças nos limites dos bairros fariam com que perdesse a série histórica de dados.

Já no caso da Avenida das Torres o poder público não tem nenhuma participação. A Avenida Comendador Franco ganhou o apelido da própria população, por causa das torres de energia que a acompanham em toda sua extensão, diz Peyerl. Com o tempo, o apelido ficou mais conhecido que o nome oficial – situação de diversos outros logradouros da cidade.

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