Quem quiser uma muda de araucária deve ficar atento: a Semear, agência júnior do curso de Agronomia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), vai vender entre quarta-feira (16) e sexta-feira (18) em torno de 30 mil mudas de araucária. O objetivo desse projeto é “salvar” a árvore-símbolo do Paraná, segundo Flávio Zanette, professor da instituição, pós-doutor na área e um dos coordenadores do Grupo de Estudos de Valorização da Araucária (Geva).
Para fomentar essa ação, serão disponibilizadas três categorias de mudas. As mais exóticas são de alta produtividade, oriundas de um pinheiro de quase 30 anos da cidade de Caçador, em Santa Catarina. A árvore-mãe já produziu até 674 pinhas em apenas um ano (2015). O padrão de uma araucária é entre 30 e 60 pinhas por temporada. Serão em torno de 7 mil desses exemplares.
A segunda categoria engloba mudas que fornecem pinhões mais graúdos, maiores que os tradicionais. Os interessados poderão levar até 15 unidades por pessoa dessa variação, porque as quantidades em estoque são menores. Já os exemplares comuns, que também poderão servir para enxertos, não têm limite de quantidade para os compradores. Todas as mudas serão entregues junto de folhetos que explicarão o processo de plantio. Uma araucária nova leva de 9 a 12 anos para florescer.
Por que distribuir?
Disseminar as mudas é a única maneira de manter a araucária em alta, de acordo com Zanette. “Esse projeto faz parte de uma batalha para salvar a araucária. Nós lutamos para ter mais árvores de pé do que deitadas. A política atual, proibitiva, condena a araucária à extinção. Meu interesse é em biologia, não em madeira. Sem a ação da pesquisa, a araucária não se regenera, não dá pinhões”, explica.
Zanette usa dois argumentos comprovam a tese: se o proprietário de um terreno é dono de uma araucária, o pinhão até pode gerar uma nova árvore, mas o processo é trabalhoso e difícil; já na floresta, ao natural, esse fenômeno é ainda mais improvável porque o desenvolvimento da planta precisa de muito sol. “A única maneira de salvar a araucária é pela ação do homem, que vai plantar as mudas fora da floresta, em áreas limpas. Além disso, as araucárias têm um grande potencial de produção de alimento orgânico: o pinhão. Precisamos valorizar isso”, resume.
Pesquisa genética
As mudas de araucárias de alta produtividade e de pinhões graúdos são fruto de pesquisas. Segundo Zanette, essa descoberta é recente e partiu das pesquisas do Geva e de seleção do melhor material genético. Ele conta que em visita ao Rio Grande do Sul, a equipe soube de um pinheiro que produzia pinhas de mais de 8 quilos e em Lages, Santa Catarina, uma araucária com 150 anos produzia pinhas de 9 quilos – o peso normal de uma pinha é de 3 quilos. “Nós pegamos amostras e plantamos esses pinhões graúdos”, conta. No ano passado, os pesquisadores tiveram uma boa notícia: o filho do fazendeiro de Lages havia plantado uma muda da árvore-mãe em sua fazenda, e as pinhas vieram grandes como as da mãe. “Se fosse em pesquisa, demoraríamos 30 anos para comprovar essa evolução genética. Isso significa que o caráter é ligado à mãe”, explica.
Outros docentes, estudantes de graduação e pós-graduação da Universidade Federal do Paraná também fazem parte do projeto. Ao longo dos últimos anos, mais de 60 mil mudas foram vendidas ou distribuídas para a comunidade. Toda a verba arrecadada será utilizada para cobrir despesas com a aquisição de sementes especiais para pesquisas ambientais.
Serviço
As vendas serão prioritárias no primeiro dia para quem fez reserva por e-mail, e acontecerão normalmente para o público geral entre quinta e sexta. As reservas podem ser feitas pelo e-mail flazan@ufpr.br. A distribuição será ao lado da estufa de plantas, no Setor de Ciências Agrárias da UFPR, na Rua dos Funcionários, 1540, no Cabral, das 8h30 às 17h. Os exemplares de alta produtividade e de pinhões graúdos custarão R$ 5. As mudas comuns serão vendidas por R$ 1.
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