Cassetete teria sido utilizado para torturar os suspeitos| Foto: Atila Alberti/ Tribuna do Paraná

Outro lado

A reportagem tentou contato com dois advogados que defendem os policiais acusados. Cláudio Dalledone e André Romero, no entanto, não foram localizados até o fechamento desta edição.

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Paraná

Comando da Polícia Civil troca 21 titulares de delegacias e subdivisões

O comandante da Polícia Civil do Paraná, Riad Braga Farhat, promoveu ontem a troca de 21 titulares de delegacias de curitiba e de subdivisões da corporação no interior do estado. Desde que assumiu o cargo, na última segunda-feira, o novo delegado-geral da PC já promoveu a troca de 38 chefes de delegacias e outras unidades. Desta vez, titulares das delegacias da capital entraram na lista dos nomeados. O delegado titular da Delegacia de Homicídios, Rubens Recalcatti, também confirmou sua saída da especializada.

"Eu não posso dizer que esperava [a mudança], mas sempre que há uma troca de comando na Polícia Civil a gente fica na expectativa", disse o titular da Delegacia de Homicídios, que está no cargo desde janeiro de 2011 e deve deixar o posto na próxima terça-feira.

Entre as outras mudanças, estão a troca do comando do Núcleo de Repressão aos Crimes Econômicos, que agora fica aos cuidados de Robson Cezar da Silva Barreto. Já na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, Cassiano Lourenço Aufiero estará à frente dos trabalhos. A Delegacia de Furtos e Roubos foi assumida por Francisco Alberto Caricati.

O Ministério Público do Paraná (MP-PR) anunciou ontem que vai oferecer denúncia à Justiça contra 14 policiais civis e um policial militar envolvidos nas investigações da morte da adolescente Tayná Adriane da Silva, de 14 anos. Um ex-PM, dois "presos de confiança", dois guardas municipais e um carcereiro também serão acusados formalmente pela promotoria.

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Todos, de alguma forma, teriam participado da tortura de quatro rapazes presos acusados da morte da menina ou teriam se omitido diante dos excessos. As apurações foram conduzidas pelo Grupo de Atuação especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

Entre os denunciados está o delegado Silvan Rodney Pereira, que já está preso. Ele era titular da Delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, e comandou o início das investigações do assassinato da jovem. Outros 13 policiais civis – entre eles uma escriv㠖 completam a lista das 21 pessoas que serão denunciadas à Justiça.

De acordo com o Gaeco, 19 serão denunciados por participação na tortura dos quatro rapazes que inicialmente eram suspeitos de terem matado e estuprado Tayná. Dois também devem responder por estupro – por terem obrigado os presos a manterem relações sexuais entre si. Um dos policiais será denunciado por abuso de autoridade e lesão corporal grave, e a escrivã, por falso testemunho.

Indícios

O Gaeco ouviu, no total, 61 testemunhas. Entre elas, os quatro suspeitos do crime, que teriam sido vítimas da tortura. Os rapazes, que estão fora do estado sob a guarda do Programa de Proteção a Testemunhas, foram interrogados em três ocasiões diferentes, segundo o coordenador do órgão, Leonir Batisti.

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O Gaeco também confirmou ter obtido indícios materiais de que teria havido tortura. Foram apreendidos, em especial, três objetos. O primeiro é um cassetete recolhido na Delegacia de Campo Largo, compatível com a agressão sofrida por um dos presos. Na Delegacia do Alto Maracanã, foram encontrados sacos plásticos, que teriam sido usados para sufocar os presos durante as agressões.

O último objeto que serviu de base às denúncias foi uma máquina de choques, encontrado na residência do investigador Rudi Elói, que trabalhava no Alto Maracanã. Na mesma operação, o Gaeco já havia recolhido R$ 50 mil em espécie e duas armas de fogo sem documentação.