Quinze pessoas foram detidas ontem em Londrina, no Norte Pioneiro do Paraná, acusadas de envolvimento com um esquema de desvio de recursos públicos e corrupção de agentes da área da saúde. Entre os presos está o procurador-geral de Londrina, Fidelis Canguçu. Os acusados teriam ligação com as Oscips (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público) Gálatas e Atlântico, que estariam justificando pagamentos com notas fiscais frias.
A operação Antissepsia, desencadeada pelo Grupo de Atuação de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), teve início às 6 horas de ontem com o cumprimento de 16 mandados de prisão. Além das detenções, foram apreendidos R$ 20 mil em dinheiro com Canguçu, três armas e diversos documentos na Procuradoria do município, no prédio da prefeitura e nos institutos. Ao todo, 30 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Londrina, Cambé, Arapongas, Bela Vista do Paraíso e Jataizinho.
De acordo com o promotor Cláudio Esteves, a investigação começou há quatro meses, após denúncias de empresários que teriam sido procurados para dar notas fiscais frias para justificar serviços prestados pelas Oscips. Segundo ele, nenhuma denúncia partiu do poder público municipal. "Nenhum órgão de controle jamais tocou nesse assunto." O Ministério Público ainda não conseguiu avaliar o quanto teria sido desviado pelo suposto esquema.
Segundo o delegado Alan Flore, entre os detidos também estão os integrantes do Conselho Municipal de Saúde, Marcos Ratto e Joel Tadeu Correia, a diretora do Instituto Gálatas, Gláucia Chiararia, e os integrantes do Instituto Atlântico, Lucas Modesto e Bruno Chaiara.
Exoneração
Ontem, o procurador-geral Canguçu foi exonerado pelo prefeito de Londrina, Barbosa Neto. O prefeito e a secretária de Saúde, Ana Olympia Dornellas, transferiram a responsabilidade da escolha das Oscips para "alguns membros" do Conselho Municipal de Saúde.
Os institutos Gálatas e Atlântico, contratados emergencialmente em dezembro do ano passado, assinaram um contrato para substituir o Centro Integrado de Apoio Profissional (Ciap), suspeito de desviar R$ 300 milhões em recursos públicos. Na época, Ana Olympia era diretora-executiva da secretaria e integrou a comissão que participou da escolha.
Ela afirmou que a opção da secretaria na época eram a Santa Casa e a Fundação HUTec por terem mais experiência e tempo de Oscips. Contudo, alguns conselheiros defenderam a contratação dos institutos por apresentarem preços menores. O prefeito afirmou que os contratos com as Oscips passavam por uma auditoria em razão de falhas na prestação de contas.
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