Na fila do Restaurante Popular em Curitiba circulam desde funcionários de pequenos comércios até quem não tem renda suficiente para se alimentar e depende do local para fazer a única refeição do dia. Este é o caso do aposentado Francisco Cristovam da Silva, 52 anos. Ele parou de trabalhar vítima de problemas que culminaram no aparecimento da doença de Chagas. Com o salário mínimo paga o aluguel de um quarto no Tatuquara. O restante é dividido entre a alimentação e a compra de oito remédios. As contas são tantas que ele precisa escolher todos os meses qual medicamento tomar porque a aposentadoria não é suficiente.
Não fosse o Restaurante Popular, cuja refeição custa R$ 1, Silva ficaria sem comer todos os dias. "Já cheguei a ficar três meses sem conseguir comprar um botijão de gás", conta. Ele tenta sempre chegar ao local no final do horário para que não sinta fome no restante do dia. "Teve dias que fui para o centro sem ter nem R$ 1. Por isso, sempre quando tenho algum troco a mais e me pedem eu dou. Sei como é passar necessidade."
Situação semelhante vive a auxiliar de cozinha desempregada Noemi Gomes, 27 anos. Ela diz com vergonha que está morando na rua nos últimos três meses. Ela, o marido e o filho de 10 anos vieram de Porto Alegre em busca do pai do companheiro. Não o encontraram e a solução foi dormir embaixo das marquises. O filho foi levado a um abrigo. Para voltar ao estado natal precisam de novos documentos porque os antigos foram furtados. Enquanto aguardam, cuidam de carros em uma rua próxima à Praça Rui Barbosa. Com o pouco que ganham, conseguem se alimentar bem no restaurante popular. "Quando chegamos passamos fome mesmo, agora conseguimos almoçar e jantar." (PC)
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