CORRUPÇÃO
Nem tinha seguranças fora da favela
Em entrevista à Rede Globo, o secretário da Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou que Nem apontado como o chefe do tráfico de drogas na favela da Rocinha tinha seguranças dentro e fora da favela. Segundo Beltrame, a partir de agora, será feita uma investigação sobre esse apoio dado ao traficante.
"Qualquer palavra que tiver no depoimento dele [Nem] será minuciosamente avaliada. Também vamos agir no sentido de prender essa quadrilha que atua fora da favela, já que ele contava com serviços de segurança fora da comunidade."
O traficante foi preso na semana passada, no porta-malas de um carro, quando tentava fugir, com a ajuda de policiais. Um dos policiais militares que participaram da prisão disse que lhe foi oferecido R$ 1 milhão em suborno.
Para Beltrame, a prisão de Nem deve resultar em informações sobre o organograma do crime e corrupção policial. O secretário afirmou que espera que o traficante contribua com as investigações.
"Seria uma oportunidade importantíssima o oferecimento de alguma medida judicial para que ele pudesse contribuir com a Justiça e, obviamente, com a polícia", disse o secretário. A medida que costuma ser aplicada é a da delação premiada: o criminoso coopera com a investigação e tem a pena reduzida pela Justiça.
UPP depende da formação de novos PMs
Com a ocupação da Rocinha, a cúpula da segurança do Rio tem o desafio de sustentar o plano de expansão das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em meio às dificuldades para recrutar novos policiais. A UPP da Rocinha será a maior do Rio a ideia é que ela seja formada por 1,1 mil policiais militares (PMs).
A Secretaria de Segurança espera a formatura dos novos policiais para destinar o efetivo. Além disso, a UPP da Rocinha também depende do cumprimento da determinação judicial de preenchimento das vagas de todos os PMs de UPPs que devem transferidos para o interior do estado cerca de 3 mil. Só depois disso, as novas vagas em UPPs serão preenchidas.
O secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, admitiu que o lento recrutamento de novos policiais e as dificuldades orçamentárias para elevar os salários da corporação aumentam os obstáculos para a expansão sustentável das UPPs.
E o governador Sérgio Cabral revelou que o planejamento da operação na Rocinha só começou depois que a presidente Dilma Rousseff concordou em prorrogar até junho do ano que vem a presença do Exército no Complexo do Alemão, na zona norte. Quase um ano depois da invasão, o governo do Rio ainda não conseguiu formar policiais para substituir a ocupação militar no Alemão. Cabral pediu mais tempo a Dilma para usar o efetivo em formação na Rocinha ainda neste ano. (AE)
A Rocinha receberá cerca de R$ 800 milhões em investimentos do estado e da União em obras de melhorias na comunidade. Parte das ações já foi iniciada antes da ocupação da favela pela polícia, com a construção de creche, biblioteca e centro para a juventude. A comunidade receberá ainda um parque ecológico com 14 mil metros quadrados. As obras do plano inclinado, ligando o túnel Zuzu Angel à Rua 1, com estimativa para transportar 3 mil pessoas por dia, também serão retomadas e devem ser finalizadas até o fim do ano. O projeto conta ainda com a urbanização do Largo do Boiadeiro e da Rua do Valão, principais pontos da favela. Além disso, o governo federal fará um investimento de R$ 700 milhões para obras de urbanização e a construção de um teleférico na Rocinha.
Outra novidade será uma parceria do Estado com a iniciativa privada para a instalação de tevê por assinatura a preços populares na comunidade. "Vamos garantir a oferta de serviços legalizados por assinatura a preço acessível à população local, a R$ 29,90", afirma o secretário estadual de Assistência Social, Rodrigo Neves. A Rocinha, o Vidigal e a Chácara do Céu, foram ocupados na madrugada do último domingo pelas forças de segurança, sem que um tiro sequer fosse disparado. A Rocinha deve receber a 19.ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Rio.
Segundo o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, além da implantação da UPP, é preciso uma série de melhorias na prestação de serviços para se evitar que haja ações de corrupção nessas comunidades pacificadas. "Temos que entender que uma resposta à sociedade tem que ser dada. Que a sociedade invada essas regiões com boas ações. É isso que vai debelar o crime", declarou Beltrame.
E os serviços públicos já começam a chegar na Rocinha. A Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) está na comunidade com 80 homens, sendo 50 técnicos, avaliando as obras necessárias três caminhões já estão na Rocinha para o início das reformas necessárias. Outros 30 homens do programa "Água para Todos" estão cadastrando os moradores
A Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) também intensificou o trabalho. O serviço está sendo realizado por 157 homens, entre garis comunitários e da companhia, com auxílio de caminhões basculantes e retroescavadeiras. A ordem é recolher o lixo acumulado de dois dias. A partir de hoje, mais 300 homens vão desembarcar na Rocinha para iniciar os serviços de conservação, iluminação, entre outros. De acordo com o coordenador das UPPs sociais e presidente do Instituto Pereira Passos, Ricardo Henriques, além dos serviços de infraestrutura, o poder público também vai implementar projetos na área social e educacional.
Uniformes seriam para fuga
Cerca de cem camisas semelhantes às utilizadas pela Polícia Civil foram apreendidas na localidade conhecida como Curva do S, na Rocinha, no Rio de Janeiro. Há suspeitas de que os uniformes seriam usados por traficantes para escapar da comunidade antes da ocupação da favela, no domingo.
Um balanço mostra que, desde o início da operação Choque de Paz, foram presas cinco pessoas e apreendidos: 16 mil munições, 20 pistolas, 28 fuzis, 2 bazucas, 1 submetralhadora, 2 espingardas, 20 rojões, 3 granadas, 7 lunetas, 171 carregadores e 61 bombas artesanais. Também foram encontrados 120 quilos de maconha, 60 quilos de pasta base de cocaína, 135 quilos de cocaína, 135 pedras de crack e 38 comprimidos de ecstasy. Foram apreendidos ainda 75 motos, 2 automóveis (Toyota Hilux e Astra 2.0), 50 cartões de crédito, 27 máquinas caça-níqueis, materiais de três centrais clandestinas de TV a cabo e 21 mil mídias (CDs e DVDs) piratas. O Astra apreendido seria do traficante Leão, um dos parceiros de Nem, ex-chefe do tráfico local. A polícia também encontrou uma ossada num cemitério clandestino no Vidigal.
No início da tarde de ontem, um foragido da Justiça se entregou à polícia a pedido da mãe. "É um menino de ouro, mas a cabeça...", disse a mãe. A atitude do rapaz foi aplaudida por moradores da comunidade.
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