Sorocaba O líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-terra (MST), José Rainha Júnior, está criando uma "frente única" de movimentos com o pretexto de acelerar a reforma agrária no estado de São Paulo. A primeira ação conjunta está prevista para este mês, com a invasão de 20 fazendas no Pontal do Paranapanema e na região da Alta Paulista, oeste do estado. Já aderiram à frente o Movimento dos Agricultores Rurais Sem-Terra (Mast), o Unidos pela Terra (Uniterra), a Associação Renovadora Sem Terra (Arst) e o Movimento Nacional e Federal (MNF).
Os líderes se reuniram na última sexta-feira em Presidente Venceslau para definir a união. Juntamente com a ala do MST ligada a Rainha, esses grupos mantêm 21 acampamentos no estado e reúnem cerca de 10 mil militantes. "A reforma agrária está parada e vamos cobrar o governo de uma forma mais firme", diz Mílton José da Silva, presidente do Mast.
Os nomes das fazendas a serem invadidas não serão divulgados antecipadamente, para evitar possíveis reações.
A ala "oficial" do MST na região não vai participar das ações, mas está em minoria. O grupo coordenado por Clédson Mendes e apoiado pela direção estadual detém o controle de apenas dois acampamentos, enquanto Rainha lidera oito, embora já não tenha status de dirigente no MST.
O presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia, vai pedir a prisão de Rainha. "Ele está em liberdade provisória e mesmo assim articula as invasões, que são crimes." Rainha foi condenado a dez anos de prisão em decorrência da invasão de uma fazenda, mas conseguiu liminar no Superior Tribunal de Justiça para aguardar em liberdade o julgamento do recurso. Nabhan considera que a união dos movimentos é uma jogada de Rainha para ajudar a candidatura de sua mulher, Diolinda Alves de Souza, que vai concorrer a deputada estadual pelo PT.