Até meados de outubro de 2014, o curitibano ficou, em média, 5,5 horas sem energia elétrica por problemas na rede, de acordo com dados da Companhia Paranaense de Energia (Copel). E em mais da metade dos casos de desligamento, a culpa é atribuída às árvores e ao mau tempo. No ano passado, essa média fechou em 6,95 horas. Em comum aos dois últimos anos está a frequência das ocorrências: uma média de cinco por ano. Os indicadores de duração e frequência das quedas de energia para o consumidor mostram que, nos últimos dez anos, houve uma redução significativa do número de desligamentos.
Apesar de algumas oscilações, os indicadores de qualidade indicam melhoria, mas isso não significa que a falta de energia não atrapalhe a vida da cidade. Na chuva do dia 19 de outubro, por exemplo, a Unicuritiba precisou cancelar o processo de seleção do vestibular por causa da chuva e do vento, que interromperam o fornecimento de energia elétrica na região do bairro Rebouças, na capital. A prova foi remarcada e só os candidatos que compareceram na data original do vestibular puderam fazê-la.
Raios
O gerente do Departamento de Manutenção e Automação de Distribuição da Copel, Julio Omori, explica que mais de metade das quedas de distribuição de energia são causadas por fatores externos. Em Curitiba, árvores, galhos e descargas elétricas sobre a fiação respondem por 55% das interrupções. Na capital, ainda é relevante o número de abalroamentos que danificam a rede e de objetos, como tênis, que jogados nos fios afetam o serviço.
"Infelizmente a interrupção pode acontecer nas horas mais críticas: pode cancelar o vestibular, já aconteceu em festa de casamento." Nessas horas, a própria Copel recomenda que se tenha uma fonte alternativa de energia, inclusive geradores móveis.
Qualidade
Para Omori, o consumidor urbano, rural e industrial está exigindo cada vez mais qualidade e estabilidade no serviço. O problema é que, a despeito dos altos investimentos em distribuição só em 2013, a Copel investiu R$ 800 milhões há fatores que fogem ao controle da empresa, como os temporais. "No Brasil, temos como padrão as redes de distribuição aérea, de média tensão, sujeitas a chuvas e trovoadas", pondera.
A Copel tem apenas um quilômetro quadrado de rede subterrânea, no centro de Curitiba. E a comparação é desleal: são mais de dez anos sem desligamentos, exceto os programados.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estabelece limites da duração e frequência das quedas de energia para todas as concessionárias brasileiras. Em caso de descumprimento dos indicadores, as operadoras são multadas e isso é revertido em desconto para o consumidor desde 2011.
Rede compacta e protegida é a melhor solução
Para evitar as quedas de energia, a solução é investir na qualidade do sistema. O professor Romildo Alves dos Prazeres, do departamento de Engenharia Elétrica da UTFPR, destaca que uma correta identificação da causa do desligamento torna-se cada vez mais indispensável para distribuir o investimento de recursos e consequentemente aumentar os índices de confiabilidade.
Uma boa solução, para ele, é a rede compacta protegida, que está sendo implantada na capital. A cidade já conta com 270 quilômetros desse tipo de fiação, que é coberta por uma capa que a protege do contato com galhos e árvores, e guarnecida por uma estrutura losangular que deixa os cabos mais próximos. "A rede subterrânea é caríssima. O investimento é muito alto, não estamos no nível de ter uma rede geral assim. Os condutores isolados são caros, é preciso abrir a tubulação. A solução é a rede compacta na alta tensão", afirma.
Julio Omori, da Copel, explica que para fazer a troca da velha rede são realizados desligamentos programados que também são contabilizados nos indicadores de qualidade. A companhia pretende trabalhar na automatização da rede em Curitiba, com a instalação de novas chaves que permitem a autorreconfiguração do sistema. Na capital, já existem 30 pontos em uso e estrutura para outros 400. Essa mudança permite que os religamentos sejam feitos com mais rapidez.