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Durante dois anos a aposentada Maria Inês Knop dependeu da boa vontade dos motoristas, cobradores e passageiros do transporte coletivo para levar o filho à escola. Todos os dias, duas ou três pessoas tinham de descer do ônibus para carregá-lo junto com a cadeira de rodas. Este processo, normalmente lento, se prolongava ainda mais quando os voluntários demoravam a se manifestar. Pior quando o motorista nem se dava o trabalho de parar. Há três meses, no entanto, ela conheceu o Sistema Integrado de Transporte para o Ensino Especial (Sites), único do país com terminal exclusivo para portadores de necessidades especiais.

Maria Inês mora no Xaxim e de segunda a sexta-feira leva o filho à Escola Especial Vivian Marçal, nas Mercês, onde passou a trabalhar como voluntária. A diferença é que agora usa o mesmo sistema que outras 2.400 pessoas usam diariamente para chegar a 35 escolas especiais de Curitiba. Até então, não sabia dos 53 ônibus especiais que percorrem 48 linhas para pegá-las e depois deixá-las quase na porta de casa. O melhor: Maria Inês descobriu que, além de os ônibus serem adaptados para os diferentes tipos de deficiência, o serviço é gratuito e ainda há um motorista e dois atendentes com curso de qualificação para lidar com elas.

As vantagens são tantas que a aposentada nem se importa de ter de empurrar a cadeira de rodas por quatro quadras até o ponto de ônibus. "Não tem nem comparação", resume. Muito antes, o Sites já havia mudado a vida de outras pessoas, como a de José Renato, de 21 anos, que passou a estudar depois que a família descobriu este sistema de transporte. Há cinco anos sai todos os dias do Xaxim, onde mora, para freqüentar a Escola Especial Mercedes Stresser, no Jardim Botânico. É desta parte de Curitiba, a região Sul, que vem a maioria dos usuários do sistema, diz a gerente do Sites, Ana Amélia Lemos Stahlschmidt. Poucos são da região central da cidade.

O Sites foi implantado em 1984 e o terminal entrou em operação quatro anos depois, construído para solucionar a dificuldade que moradores de uma mesma região da cidade e com diferentes tipos de deficiência tinham para ir à escola. Como estas escolas são especializadas, era necessário agrupar pessoas com o mesmo tipo de deficiência até preencher o ônibus, o que tornava o percurso longo e exaustivo. Os alunos passaram a embarcar nos ônibus perto de casa e começaram a ser agrupados no terminal conforme o tipo de deficiência, seguindo cada grupo para sua escola. Na volta, chegam ao terminal no mesmo ônibus e dali pegam outro para ir para casa.

De acordo com Ana Amélia, à medida que os ônibus estacionam nas plataformas de embarque e desembarque, as assistentes e os motoristas fazem a transferência dos alunos com ajuda do elevador acoplado ao veículo e das cadeiras de rodas próprias do terminal, que é coberto e fechado por gradil metálico. Esta transferência ocorre em no máximo 15 minutos. A saída só é feita quando todos os ônibus estão completos. O terminal, localizado no bairro Cristo Rei, é o único do Brasil adaptado com equipamentos para todos os tipos de deficiência e voltado exclusivamente aos portadores de necessidades especiais.

Há dois anos, por meio de convênio firmado entre o município e a autarquia Urbanização de Curitiba SA (Urbs), os custos deste transporte passaram a ser pagos pela Secretaria Municipal da Educação. Ou seja, os 2.400 usuários não pagam nada pelos serviços. E o sistema está em expansão. No ano que vem haverá uma nova linha, esta para atender aos alunos de uma escola do bairro Pinheirinho.

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