Um rapaz identificado apenas como Gustavo, de aproximadamente 25 anos, morreu na tarde de ontem, no Hospital do Trabalhador, em Curitiba. Ele foi atingido por um tiro na cabeça, por volta das 23h40 de domingo, dentro de um ônibus da linha Inter 3, quando fazia o trajeto entre os terminais do Carmo e Capão Raso. A fatalidade foi apenas o estopim para funcionários e comerciantes do Terminal Capão Raso relatarem momentos de pânico e insegurança que enfrentam quase todos os dias no local. "Isso aqui é um campo de batalha de adolescentes, de prostituição e assaltos. Estamos à mercê disso tudo de segunda a segunda", conta uma comerciante que pediu para não ser identificada.
Segundo as informações do cobrador do ônibus em que Gustavo foi baleado, cerca de 60 pessoas estavam no veículo. Duas gangues de adolescentes iniciavam um tumulto com empurra-empurra no interior do ônibus quando alguém gritou: "Ela está armada!". Houve três disparos, o motorista parou o veículo e abriu a porta para que as pessoas se dispersassem, evitando feridos. A autora dos tiros aproveitou para fugir e Gustavo já se arrastava, ensangüentado, até a catraca. O rapaz foi levado até o Terminal do Capão Raso, onde foi socorrido por bombeiros e encaminhado inconsciente para o hospital. O cobrador não soube informar se a vítima estaria envolvida na briga. "Temos outras linhas com mais problemas. Essa [Inter 3] não se destacava negativamente", afirma Gelson Fortin, gerente da empresa que administra o ônibus.
Brigas de gangues são comuns naquele terminal. O encontro de grupos rivais tem até hora marcada para acontecer domingos a partir das 15 horas e, nos demais dias da semana, depois das 20h30. "Eles brigam, assaltam quem está no terminal e fazem arrastão nos ônibus. Eles chegam nas pessoas fingindo que são amigos e tiram tudo", conta um dos fiscais da Urbs no Capão Raso. "O negócio aqui está insuportável, terrível, não temos segurança", desabafa um dos porteiros do terminal. "Eles têm um olhar ameaçador, tiram sarro, deixam a gente com medo. As meninas guardam as armas porque não são revistadas", relata uma comerciante.
De acordo com a prefeitura, a Guarda Municipal tem oito equipes fazendo monitoramento 24 horas nos terminais. Já a Urbs vem solicitando freqüentemente à Polícia Militar que intensifique o policiamento nos pontos finais e estações-tubo. "Infelizmente, essa foi uma fatalidade em um horário em que policiais não estavam lá. Estamos registrando o episódio para que medidas sejam tomadas no que diz respeito ao nosso trabalho de policiamento preventivo", afirma o comandante Avelino Novakoski, do Policiamento da Capital da PM.