| Foto: RAFAEL ANDRADE / AGENCIA O GLOBO

Quase seis anos após ter perdido o filho Rafael Mascarenhas num atropelamento, a apresentadora Cissa Guimarães recebeu mais um baque: na última terça-feira saiu a sentença do atropelador, Rafael Bussamra, e do pai dele, Roberto Bussamra, que tentou corromper policiais militares para acobertar o rapaz. Ambos tiveram as penas convertidas a pouco mais de 3 anos de serviços comunitários.

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“Estou profundamento triste. Nunca poderia imaginar que uma violência de tal grau fosse reduzida a nada. Essa decisão da Justiça me deixa com um pouco de medo, porque é esse exemplo que vamos dar para os nossos jovens: você mata, não presta socorro, esconde provas, corrompe e não vai preso, fica livre para viver a vida”, disse Cissa.

A apresentadora diz que, no entanto, está unindo forças para recorrer junto ao Ministério Público. “Nossa familia é assistente do Ministério Público. Há uma maneira de recorrer, estamos pensando como faremos. Tomei uma rasteira, mas daqui a pouco estou de volta. Vou à luta por uma sociedade mais justa. Temos que nos unir contra essa lama e sordidez”.

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Rafael Mascarenhas foi atropelado em 20 de julho de 2010, quando andava de skate no Túnel Acústico, na Gávea, que estava fechado para manutenção. Rafael Bussamra dirigia a cerca de 100 km/h quando atingiu o jovem. Em depoimento, o atropelador relatou que dois policiais militares cobraram R$ 10 mil para liberar seu veículo.

Ainda segundo Rafael Bussamra, os PMs solicitaram que ele entrasse na viatura. Eles teriam circulado pelo Jardim Botânico até o local marcado para encontrar Roberto, pai do atropelador. A dupla exigiu o dinheiro, afirmando ter feito um “bom trabalho” ao limpar a cena do crime. Após pagar R$ 1 mil aos PMs, Roberto teria se negado a pagar o restante do combinado. No dia 5 de outubro de 2010, os dois policiais do 23º BPM (Leblon) foram expulsos da corporação.

Em primeira instância, Rafael Bussamra tinha sido condenado a sete anos em regime fechado em consequência do crime. Ele também foi condenado por homicídio culposo (três anos e meio), inovação artificiosa em caso de acidente automobilístico (seis meses), fuga do local do atropelamento (nove meses) e participação em pega (um ano). Além disso, teve a habilitação suspensa por quatro anos e meio. O pai também foi condenado por corrupção ativa (oito anos e dois meses em regime fechado) e inovação artificiosa em caso de acidente automobilístico (nove meses).

Em janeiro de 2015, no entanto, a Justiça do Rio concedeu um habeas corpus que determinou a soltura imediata de Rafael e Roberto quatro dias após eles terem sido presos e transferidos para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste.

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Na ocasião, o relator do documento, desembargador Marcos Henrique Pinto Basílio, da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, justificou sua decisão: “Não se trata de uma absolvição. O que não pode ser confundido é prisão cautelar com antecipação de pena. A pena deve ser cumprida após o trânsito em julgado da decisão condenatória”.