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QUATRO MESES DEPOIS

Reabertura da Graciosa dá novo ânimo a comerciantes

Romeu e Mariluci viram produtos vencerem nas prateleiras da mercearia que têm há 17 anos nas margens da estrada | Fotos: Giuliano Gomes/Gazeta do Povo
Romeu e Mariluci viram produtos vencerem nas prateleiras da mercearia que têm há 17 anos nas margens da estrada (Foto: Fotos: Giuliano Gomes/Gazeta do Povo)
O restaurante Empório do Largo, em Morretes, teve seu quadro de funcionários reduzido e movimento 50% menor |

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O restaurante Empório do Largo, em Morretes, teve seu quadro de funcionários reduzido e movimento 50% menor

Após quase quatro meses interditada em decorrência de um deslizamento de terra, a Estrada da Graciosa (PR-410) terá o tráfego liberado em meia-pista a partir das 10 horas de hoje, segundo o Departamento de Estradas e Rodagem (DER). Ontem, foram feitos os últimos ajustes na sinalização para orientar os motoristas sobre o tráfego no local. Com o retorno do movimento, a expectativa dos comerciantes é retomar a rotina e lucrar com a volta dos turistas. Ou ao menos recuperar as perdas em decorrência do fechamento da estrada em plena Copa do Mundo.

Tombada como Patrimônio Cultural e Histórico do Paraná, a Graciosa tem uma extensão de 28,5 quilômetros ladeada por natureza exuberante. A paisagem atrai centenas de turistas e visitantes, principalmente nos finais de semana e feriados – quando, estima-se, passem pela estrada até 10 mil pessoas.

Renda

Além de um belo passeio, a Graciosa é também a única fonte de renda de pelo menos 60 pequenos comerciantes, que vivem em localidades como Mãe Catira e São João da Graciosa. Mas sem estrada, não há turista – e nem comércio. Com a via interditada, os comerciantes viram o movimento minguar. De portas fechadas, os funcionários foram dispensados. Alguns vieram à Curitiba em busca de empregos temporários, outros passaram a viver de bicos.

De acordo com Gilton Dias, presidente da Associação Comercial da Graciosa, o prejuízo chega a R$ 600 mil, pois além do que os restaurantes e quiosques deixaram de vender, estoques de produtos foram perdidos e as contas atrasaram. A recuperação deve levar mais de seis meses.

Sérgio Schbler, 51 anos, é proprietário de um restaurante e pastelaria. Antes do bloqueio, vendia até 40 kg de massa para pastel, além do lanche já pronto. No último domingo, vendeu só dois pastéis. O impacto no comércio local obrigou o empresário a dispensar dois funcionários e a fechar o estabelecimento nos dias de semana. Mas o que doeu mais foi o fato de o filho dele, adolescente, ter feito curso de inglês só para receber os turistas estrangeiros aguardados durante o Mundial. "Para não dizer que não serviu de nada, em um fim de semana veio um grupo de uns oito gringos", comenta.

Vizinhos de Schbler, Ro­­meu Castanho, 61, e a esposa dele, Mariluci, 56, têm uma pequena mercearia há 17 anos. Eles conseguiram manter o comércio aberto, mas não repuseram mais o estoque e viram mais da metade dos produtos vencer nas prateleiras. "Foi um período muito triste, com tudo vazio. Mas o pior foi a informação de que a estrada abriria até junho. Muita gente acabou ficando e se preparou para a Copa na esperança de que a estrada ficasse pronta", lamenta Mariluci.

A liberação total da ponte que está sendo construída no ponto do deslizamento está prevista para setembro. De acordo com o DER, o trabalho de concretagem foi concluído na sexta-feira, mas ainda devem ser feitos ajustes na drenagem da cabeceira e no muro de arrimo, além da construção do guarda-corpo. Um semáforo foi instalado no local para organizar o trânsito.

Morretes e Antonina também sofreram com a interdição

O impacto da interdição da Graciosa também atingiu Morretes e Antonina, embora em menor escala. Lojas de artesanato e restaurantes sentiram mais o baque. "Os restaurantes foram muito afetados, todos fecharam pelo menos um mês no negativo. E tudo por causa da estrada. Foi triste, as pessoas procuravam emprego e eu não tinha como empregar", contou Gabriela Gadini, proprietária do Empório do Largo, em Morretes. O restaurante teve seu quadro de funcionários reduzido e registrou um movimento 50% menor em comparação com o mesmo período no ano passado.

Impacto

A holandesa Anny Snoeijer comanda o restaurante Buganvil há mais de 28 anos e nunca havia vivenciado um período de movimento tão fraco. Segundo Anny, a redução do movimento chegou a 40%. Já Derci Cotelessi de Almeida, dona da tradicional pousada Atlante, contou que ficou maio inteiro sem um único hóspede e, em junho, recebeu apenas cinco pessoas.

Expectativa

Apesar dos prejuízos amargados nos últimos quatro meses, moradores e comerciantes de Morretes, Antonina e das localidades próximas à estrada histórica têm esperança de que, com a reabertura do trecho danificado, o movimento de visitantes volte logo ao normal e minimizem os estragos causados por um outono longo e solitário.

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