Eventos
Festas de inverno trazem expectativa de recuperação
O inverno é época de festas no Litoral do Paraná. Em Paranaguá, a 4ª Festa Nacional da Tainha segue até 13 de junho com uma programação que inclui shows regionais, feira de artesanato e, claro, várias opções de pratos com tainha. Na edição desse ano, 17 comunidades pesqueiras participam do evento, oferecendo a tainha assada, defumada ou recheada.
A festa é uma oportunidade de aumentar a renda de dezenas de pescadores da região segundo a prefeitura de Paranaguá, o último fim de semana registrou o maior movimento até agora e boa parte das barracas não tinha mais tainha para servir no início da noite.
Antonina, por sua vez, recebe o 24º Festival de Inverno da Universidade Federal do Paraná (UFPR) entre 19 e 26 de julho. Depois do carnaval, o festival é o maior evento do município, que espera receber cerca de 20 mil turistas durante a semana de atrações. A programação reúne 22 espetáculos musicais e teatrais, oficinas, exposições, mostra de cinema do Serviço Social do Comércio (Sesc) e passeio de cicloturismo do Programa Ciclovida.
O festival mobiliza também o comércio e o setor hoteleiro da cidade, representando aumento de 50% na procura por hospedagem.
Serviço
Festa da Tainha
Quando: até 13 de julho
Onde: Praça de Eventos 29 de Julho, em Paranaguá
Preço: R$ 40 a tainha recheada
24º Festival de Inverno da UFPR
Quando: de 19 a 26 de julho
Onde: em Antonina
Preço: entrada franca
Deslizamento
Antiga rota de tropeiros no século 18 e um dos caminhos mais famosos de ligação entre a Região Metropolitana de Curitiba e o Litoral do Paraná, a Estrada da Graciosa estava bloqueada desde o dia 13 de março, quando cerca de 40 metros de pista na altura do quilômetro 10,8 cederam e caíram sobre o quilômetro 12. De acordo com a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), o deslizamento foi provocado pelo excesso de chuvas que atingiu a região na época.
Após quase quatro meses interditada em decorrência de um deslizamento de terra, a Estrada da Graciosa (PR-410) terá o tráfego liberado em meia-pista a partir das 10 horas de hoje, segundo o Departamento de Estradas e Rodagem (DER). Ontem, foram feitos os últimos ajustes na sinalização para orientar os motoristas sobre o tráfego no local. Com o retorno do movimento, a expectativa dos comerciantes é retomar a rotina e lucrar com a volta dos turistas. Ou ao menos recuperar as perdas em decorrência do fechamento da estrada em plena Copa do Mundo.
Tombada como Patrimônio Cultural e Histórico do Paraná, a Graciosa tem uma extensão de 28,5 quilômetros ladeada por natureza exuberante. A paisagem atrai centenas de turistas e visitantes, principalmente nos finais de semana e feriados quando, estima-se, passem pela estrada até 10 mil pessoas.
Renda
Além de um belo passeio, a Graciosa é também a única fonte de renda de pelo menos 60 pequenos comerciantes, que vivem em localidades como Mãe Catira e São João da Graciosa. Mas sem estrada, não há turista e nem comércio. Com a via interditada, os comerciantes viram o movimento minguar. De portas fechadas, os funcionários foram dispensados. Alguns vieram à Curitiba em busca de empregos temporários, outros passaram a viver de bicos.
De acordo com Gilton Dias, presidente da Associação Comercial da Graciosa, o prejuízo chega a R$ 600 mil, pois além do que os restaurantes e quiosques deixaram de vender, estoques de produtos foram perdidos e as contas atrasaram. A recuperação deve levar mais de seis meses.
Sérgio Schbler, 51 anos, é proprietário de um restaurante e pastelaria. Antes do bloqueio, vendia até 40 kg de massa para pastel, além do lanche já pronto. No último domingo, vendeu só dois pastéis. O impacto no comércio local obrigou o empresário a dispensar dois funcionários e a fechar o estabelecimento nos dias de semana. Mas o que doeu mais foi o fato de o filho dele, adolescente, ter feito curso de inglês só para receber os turistas estrangeiros aguardados durante o Mundial. "Para não dizer que não serviu de nada, em um fim de semana veio um grupo de uns oito gringos", comenta.
Vizinhos de Schbler, Romeu Castanho, 61, e a esposa dele, Mariluci, 56, têm uma pequena mercearia há 17 anos. Eles conseguiram manter o comércio aberto, mas não repuseram mais o estoque e viram mais da metade dos produtos vencer nas prateleiras. "Foi um período muito triste, com tudo vazio. Mas o pior foi a informação de que a estrada abriria até junho. Muita gente acabou ficando e se preparou para a Copa na esperança de que a estrada ficasse pronta", lamenta Mariluci.
A liberação total da ponte que está sendo construída no ponto do deslizamento está prevista para setembro. De acordo com o DER, o trabalho de concretagem foi concluído na sexta-feira, mas ainda devem ser feitos ajustes na drenagem da cabeceira e no muro de arrimo, além da construção do guarda-corpo. Um semáforo foi instalado no local para organizar o trânsito.
Morretes e Antonina também sofreram com a interdição
O impacto da interdição da Graciosa também atingiu Morretes e Antonina, embora em menor escala. Lojas de artesanato e restaurantes sentiram mais o baque. "Os restaurantes foram muito afetados, todos fecharam pelo menos um mês no negativo. E tudo por causa da estrada. Foi triste, as pessoas procuravam emprego e eu não tinha como empregar", contou Gabriela Gadini, proprietária do Empório do Largo, em Morretes. O restaurante teve seu quadro de funcionários reduzido e registrou um movimento 50% menor em comparação com o mesmo período no ano passado.
Impacto
A holandesa Anny Snoeijer comanda o restaurante Buganvil há mais de 28 anos e nunca havia vivenciado um período de movimento tão fraco. Segundo Anny, a redução do movimento chegou a 40%. Já Derci Cotelessi de Almeida, dona da tradicional pousada Atlante, contou que ficou maio inteiro sem um único hóspede e, em junho, recebeu apenas cinco pessoas.
Expectativa
Apesar dos prejuízos amargados nos últimos quatro meses, moradores e comerciantes de Morretes, Antonina e das localidades próximas à estrada histórica têm esperança de que, com a reabertura do trecho danificado, o movimento de visitantes volte logo ao normal e minimizem os estragos causados por um outono longo e solitário.
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