• Carregando...
A primeira rebelião na história da PIG terminou com saldo de 14 pessoas feridas | Josué Teixeira/ Gazeta do Povo
A primeira rebelião na história da PIG terminou com saldo de 14 pessoas feridas| Foto: Josué Teixeira/ Gazeta do Povo

Chegou ao fim na manhã de ontem, após 48 horas, o motim na Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG). Na opinião do secretário estadual de Segurança Pública, Leon Grupenmacher, a rebelião foi "atípica", pois os presos do local, segundo ele, têm acesso à educação, trabalho e não há superlotação. Ainda de acordo com o secretário, embora o modo de ação dos rebelados tenha sido semelhante ao de outras rebeliões que já ocorreram no estado neste ano, não é possível afirmar que se trata de uma ação orquestrada ou motivada por facções, como o PCC. "Não há nada que diga que foi um instrumento organizado", assegurou Grupenmacher.

Apesar da declaração, os representantes da Vara de Execuções Penais (VEP) de Guarapuava – a promotora Márcia Francine Broietti e a juíza Patrícia Carbonari – informaram ontem que a carta de reivindicações dos presos estava escrita sem erros de português. "Eles usaram, inclusive, termos jurídicos", observou Márcia.

Entre os pedidos dos presos estava o fim da prática de maus-tratos e de excessos cometidos durante as vistorias de familiares dos detentos nos dias de visitas. O delegado Luiz Alberto Cartaxo, por sua vez, disse que não há registro de excesso. No entanto, a juíza Patrícia Carbonari confirmou que na semana passada familiares de presos entregaram um abaixo-assinado na VEP pedindo a intervenção judicial para os casos de abusos cometidos contra detentos.

Familiares dos presos, reunidos em frente à PIG durante os três dias de rebelião, alegaram que os presos reclamavam da comida e que eram submetidos a humilhação por parte dos agentes peniten­­ciários. "Os agentes reféns que apanharam é porque batiam nos presos lá dentro, pode ver que alguns agentes que estavam de reféns eram bem tratados e ganhavam até água", sugeriu a mãe de um detento, Janete Aparecida Santos. O Sindarspen – que representa os agentes – nega a queixa. A vice-presidente do sindicato, Petruska Sviercoski, disse que é preciso que o Estado tome providências para que o "pesadelo" das rebeliões com agentes sob o poder de presos não se repita. A PIG tem 90 agentes carcerários. Segundo a promotora Márcia, a unidade perdeu 30 agentes nos últimos anos que não foram repostos.

A PIG foi inaugurada em 1999 e esta foi a primeira rebelião na história da unidade. Durante o motim, 14 presos foram feridos e 13 agentes penitenciários feitos reféns. Após a reocupação do prédio pela PM, foram recolhidos estoques, pedaços de pau, tesouras e até foices usadas pelos rebelados.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]