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O presidente da Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias (Aneor), o engenheiro civil José Alberto Pereira Ribeiro, defende maior transparência do governo do estado em relação à política de transporte. Ele fala que é preciso esclarecer a sociedade sobre como funcionam os contratos de concessão de rodovias e como são estabelecidos os valores dos pedágios. Ribeiro afirma que o modelo que foi adotado no estado é equivocado, pois o baixo volume de veículos na maior parte do Anel de Integração onera as empresas, que precisam aumentar as tarifas para cumprir as exigências de melhorias previstas nos contratos. O engenheiro também critica o programa estadual de recuperação de rodovias. "O pavimento vai durar, no máximo, dois períodos de chuva", afirma.

Gazeta do Povo – Por que o pedágio é tão caro no Paraná?José Alberto Pereira Ribeiro – O Paraná paga o preço por ter tido a primeira grande concorrência de concessão de rodovias do país. Não havia uma cultura nacional e o modelo que foi colocado na época foi o melhor possível. No entanto, eu avalio que aquela visão estava equivocada. A experiência mundial mostra que o índice de referência para se obter uma tarifa considerada justa é de, a cada trecho de 100 quilômetros de estrada, a taxa de pedágio girar em torno de US$ 1. Esse valor só é viável se houver um volume de tráfego que comece com, pelo menos, 8, 5 mil veículos por dia. Esses são premissas e conceitos empíricos. Na zona do Anel de Integração do Paraná, tirando o tráfego da Ecovia e do trecho entre Cascavel e Foz do Iguaçu, o restante da malha tem, em média, 4,5 mil veículos. A tarifa do pedágio do Paraná é alta por causa do baixo volume de tráfego.

Mas é possível reduzir a tarifa?Pelo volume de tráfego, o modelo mais condizente para a sociedade do Paraná seria a das Parceiras Público Privadas (PPP). Por exemplo, Minas Gerais, que tem a maior malha viária do país, vai implantar o maior programa de PPP rodoviárias, no qual os governos vão subsidiar a parte de novos investimentos, enquanto a iniciativa privada vai fazer a parte de restauração, conservação e operação das rodovias. Não quero dizer que a única solução é rescindir os contratos no Paraná. Só acho que precisa ser mostrado para a sociedade que se está cobrando das concessionárias novos investimentos, como duplicações, aumento de capacidade e construção de terceiras faixas, para trechos em que o volume de veículos é baixo, o que resulta um aumento da tarifa. Uma das propostas seria criar uma agência reguladora para resolver os problemas e rever alguns pontos dos contratos. Mas não há interesse do governo em criar esse órgão, porque ele utiliza a concessão como fato politiqueiro. Se houvesse uma agência reguladora, não tinha essa coisa de mandar o MST invadir a praça de pedágio.

O governo do estado divulga que está em curso um dos maiores programas de recuperação de rodovias do país, com investimentos na ordem de R$ 800 milhões para serem aplicados em 4 mil quilômetros de estradas. Isso é suficiente para resolver os problemas do estado?O governo está fazendo um grande programa, dentro das suas possibilidades, mas não é o maior. Santa Catarina, Bahia e Minas Gerais estão fazendo muito mais e mesmo o Paraná já fez programas maiores, com investimentos de US$ 1 bilhão.

Como o senhor avalia tecnicamente esse programa de recuperação do governo estadual?O que o Paraná está fazendo é uma reciclagem da camada de rolamento, não é recuperação. Num linguajar mais comum, é um tapa buraco, sem preparação nenhuma do solo. Reconheço que essa camada que está sendo aplicada é de alta qualidade, mas o governo não está falando para a sociedade quanto tempo vai durar esse pavimento. O que eu imagino que vai acontecer é que os buracos vão voltar e esse recapeamento vai durar, no máximo, dois períodos de chuvas. E vale citar que a diferença de se fazer uma estrada que vai durar cinco anos, em relação a outra, que vai durar apenas dois anos, não passa de 20% no custo final.

Como está o setor da indústria da construção pesada no estado?O setor está combalido e fraco. Há 20 anos, o Paraná tinha em torno de 70 empresas pujantes. Atualmente, não temos 20. As nossas empresas sofreram com a redução dos investimentos, não se preparam para uma concorrência nacional.

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