O ultimato da presidente Dilma Rousseff, que mandou cortar o ponto e até demitir os grevistas que cometerem excessos, produziu efeito contrário entre os servidores da Receita, da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Polícia Federal (PF). As três categorias recusaram a proposta de 15,8% de reajuste, a mesma feita pelo Ministério do Planejamento ao conjunto dos servidores federais e decidiram ampliar o movimento no país. A previsão é de mais caos nos próximos dias nos setores de importação e exportação, nas estradas federais, postos de fronteira e aeroportos.
No caso da PRF, a greve que começou no dia 11 e já atingiu 12 estados, se estenderá a 23 das 24 unidades regionais do órgão no país, segundo previu o inspetor Pedro Cavalcante, presidente da Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF). Ele estimou que 70% da categoria cruzará os braços, mantendo o efetivo mínimo de 30% previsto em lei nos postos de fiscalização As ações se limitarão aos casos de urgência. As operações de rotina, como fiscalização de rodovias, combate ao contrabando de mercadorias e de tráfico de drogas e armas, ficarão prejudicados.
Em nota divulgada na noite desta quinta, a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) informou que 27 sindicatos filiados aprovaram a continuidade do movimento por tempo indeterminado. Apenas delegados e escrivães continuam trabalhando, mas em estado de greve. O movimento afeta a emissão de passaportes, registro de armas, diligências e investigações, inclusive operações de combate ao crime organizado.
As duas categorias que integram a Receita Federal auditores e analistas também recusaram a proposta governamental em consulta às bases e aprovaram a volta à greve.
Anvisa
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou ontem que o desabastecimento de insumos e medicamentos registrados em algumas unidades de saúde do país não tem qualquer relação com a greve de funcionários da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que já dura quase 40 dias. Entidades ligadas a serviços de saúde afirmaram que produtos essenciais estariam sendo retidos em portos e aeroportos e não conseguiam liberação em decorrência da paralisação. Padilha disse que os casos de atraso e desabastecimento que chegaram ao conhecimento do ministério decorreram de fatores alheios à greve.