Cascavel A reconstituição do confronto entre seguranças e trabalhadores sem-terra ocorrida no dia 21 de outubro, na área experimental da multinacional Syngenta Seeds, no Oeste do estado, reforçou a tese de que os seguranças retornaram ao local após a invasão com o objetivo de executar os líderes do movimento. Duas pessoas morreram no tiroteiro: o líder sem-terra Valmir Mota de Oliveira, conhecido como Keno, e o segurança Fábio Ferreira. A reconstituição foi feita ontem pela manhã e levou em conta apenas a versão dos sem-terra. Os seguranças indiciados não participaram.
Segundo o delegado responsável pelo inquérito, Renato Figueroa, do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) da Polícia Civil, já é possível identificar o autor dos disparos contra Keno. Ele disse que, além do laudo da reconstituição, que ficará pronto dentro de alguns dias, o laudo da necropsia também poderá confirmar a versão de que os seguranças retornaram à fazenda apenas para executar os líderes do movimento, sem a intenção de desocupar a área.
Figueroa afirmou que, durante o andamento do inquérito, o Cope não vai se manifestar sobre as acusações de que as investigações estariam sendo conduzidas de forma parcial, favorável aos sem-terra. Segundo ele, no momento adequado, "medidas cabíveis" serão tomadas. O prazo para a conclusão do inquérito é o dia 20 de novembro.
A reconstituição envolveu 14 profissionais do Cope, do Grupo de Diligências Especiais (GDE), da Delegacia de Homicídios e do Instituto de Criminalística. Os policiais fizeram o papel dos seguranças e 11 sem-terra ouvidos durante o inquérito disseram como foi a ação. Há 10 dias, os sem-terra que participaram da reconstituição reconheceram os seguranças envolvidos no tiroteiro.
A advogada dos seguranças, Edinéia Sicbneihler, fotografou toda a operação policial e disse que seus clientes só participarão de uma reconstituição se forem acionados judicialmente. Na fase de inquérito eles se negaram a prestar depoimento à polícia, aguardando o trâmite judicial. A reconstituição também foi acompanha pela advogada dos sem-terra, Gisele Cassano.
Via Campesina
A Via Campesina, organização que reúne entidades de luta pela terra, anunciou ontem que vai encaminha um pedido de providências e acompanhamento do caso para a Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Em nota oficial, a Via Campesina afirmou que "a subseção da OAB local perdeu a legitimidade, pois desde o início vem tendo posição totalmente parcial em favor da empresa de segurança NF, da Sociedade Rural do Oeste do Paraná (SRO) e da Syngenta."
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