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Veja os principais desastres naturais ocorridos outros países |
Veja os principais desastres naturais ocorridos outros países| Foto:
  • Em Blumenau, apenas 30% das obras concluídas, após um ano e cinco meses
  • Angra dos Reis recebeu R$ 80 milhões dos R$ 247 milhões necessários
  • Sengés: isolada por quase uma semana em fevereiro, ainda não recebeu verbas

Curitiba e Ponta Grossa - As chuvas que caíram nos últimos dias no estado do Rio de Janeiro continuam mobilizando as equipes de resgate, famílias estão sendo retiradas de áreas de risco, há buscas por corpos nos escombros e os números de mortos, que já passam de 200, mudam a cada momento. O estágio atual é de atendimento emergencial – a prefeitura do Rio não sabe quanto tempo e dinheiro irá precisar para reconstruir os locais atingidos, por enquanto fala em R$ 100 milhões para obras emergenciais. Passado esse estágio, chegará a hora da reparação, que promete ser um processo lento conforme a experiência de outras cidades brasileiras.

Em novembro de 2008, fortes chuvas atingiram Santa Cata­­rina, causando deslizamentos de terra e vitimando 135 pessoas no estado. Blumenau, no Vale do Itajaí, foi uma das cidades mais atingidas e ainda hoje sente os efeitos da tragédia. Segun­­do o coronel Carlos Olímpio Me­­nestrina, secretário municipal da Defesa Civil, apenas 30% das obras de reconstrução foram concluídas e 280 famílias continuam vivendo em moradias provisórias.

"Isso depende de verba. Se tivesse vindo dinheiro, em dois anos daria para fazer recuperação", afirma Menestrina. "A reconstrução irá levar dez anos, se o dinheiro continuar a vir a pinga-gotas." Blumenau precisa de R$ 700 milhões e, por enquanto, recebeu R$ 19 milhões do governo federal, R$ 42 milhões do estado e R$ 55 milhões são do orçamento municipal, segundo o coronel.

Recursos

No Paraná, a cidade de Sengés, no Norte Pioneiro, também aguarda mais recursos. As chuvas que caíram no início de fevereiro deixaram o município isolado por seis dias. Dois meses depois, a cidade aguarda verbas da ordem de R$ 3,5 milhões. "É complicado para receber. Tem que ser água mole em pedra dura", compara o prefeito da cidade, Walter Juliano Dória. Uma solução encontrada foi fazer obras emergenciais com a ajuda do governo do estado. "Tem coisas que não tem como esperar, por isso trabalhamos com recursos próprios. A documentação esta toda lá, desde fevereiro. Pediram e nós reduzimos para um terço do que precisávamos, mas assim mesmo não saiu nada", lamenta o prefeito.

Para a população de Sengés, uma das prioridades é melhorar as margens dos rios e retirar moradores lindeiros ao Jaguaricatu. "Tudo isso deveríamos estar fazendo, mas não podemos. Temos que aguardar. Imagino o caso do Rio de Janeiro. Só Deus sabe quando vão receber alguma coisa", finaliza Dória.

Relatório do Tribunal de Contas da União, divulgado na última quarta-feira, mostra que da data do desastre natural até a liberação da primeira ordem bancária por parte do governo federal aos municípios passam-se 96 dias.

Em Angra dos Reis, cidade atingida por deslizamentos na virada de 2010 no Rio de Janeiro, chegaram R$ 80 milhões dos R$ 247 milhões necessários, segundo o vice-prefeito do município, Essiomar Gomes. A prefeitura começou a trabalhar na reparação das encostas dos morros e na semana que vem deve começar a construir apartamentos para os 1,2 mil desabrigados e desalojados.

Angra, porém, continua enfrentando problemas. As chuvas dos últimos dias no Rio provocaram quedas de barreira no acesso à cidade. "Com qualquer chuva que vem, eu, o prefeito e os secretários vamos para a rua para ver o que está acontecendo", diz Gomes.

Prevenção

O professor Antônio Diomário de Queiroz, presidente do Grupo Técnico Científico de prevenção de catástrofes em Santa Catarina, observa que a reconstrução no Brasil às vezes acaba sendo uma reação ao problema já ocorrido, sem muitos cuidados na prevenção. "Como se vai reconstruir as casas destruídas em áreas de risco? Elas continuam, mesmo depois das catástrofes, sendo áreas de risco. É preciso deslocar para outras áreas. O correto seria evitar que essas áreas fossem ocupadas."

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