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Educação

Reconstruir pontes será desafio para estado e professores após o fim da greve

 | Osvalter Urbinati/
(Foto: Osvalter Urbinati/)

Reconstruir pontes. Esse será o principal desafio para governo e professores após o término da greve, algo ainda sem data para ocorrer. A retomada do diálogo entre gestores e docentes é apontada por educadores e outros que acompanham de perto a situação da educação pública do estado como essencial para se encontrar a solução para outros problemas que afetam a qualidade do ensino como um todo. O adoecimento dos professores, a falta de estrutura das escolas, a necessidade de criação de políticas de estado para a educação e de um novo modelo para o ensino médio são alguns dos pontos urgentes.

A indicação da professora Ana Seres para o comando da Secretaria de Educação foi um aceno do governo para a intenção de abrir espaços para a construção de soluções para esses problemas – alguns deles apontados como fatores que contribuíram para a queda na qualidade da educação do estado. Em 2013, o ensino médio do Paraná caiu cinco posições no ranking do Ideb.

A queda de terceiro para oitavo no ranking geral tem sido usada por alguns aliados do governo com uma provocação aos professores. Eles argumentam que, apesar do reajuste salarial de 60% que a categoria recebeu, o ensino não melhorou. Pelo contrário, de acordo com o Ideb, teria piorado. Quem entende de educação rebate a crítica e chama o governo à responsabilidade.

“De fato, houve reajustes. Mas o governo só estava devolvendo o que não havia sido dado em gestões anteriores e cumprindo o que determina a lei. Além disso, a questão da educação passa pela valorização do professor, mas não é só isso. Temos um somatório de problemas. São professores sobrecarregados, temporários que ainda não são formados, uma taxa de adoecimento alta”, comenta Araci da Luz, doutora em educação e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Araci também é crítica ao uso que vem sendo feito pela gestão estadual dos dados apresentados pelo Ideb. “O estado fica mais nas questões numéricas, não vai no qualitativo. Para isso é preciso discutir com quem está na ponta. E a gente percebe esse distanciamento entre a gestão e quem está no cotidiano da sala de aula”, diz.

Longe de quem está na ponta, poucas mudanças poderão de fato ser feitas e para fazer as mudanças que se mostram urgentes é preciso investir na formação dos professores. É esse o raciocínio do consultor educacional Renato Casagrande.

“Há uma defasagem muito grande entre o que a escola precisa e a formação que os professores tem. O grande investimento que precisamos fazer agora é na formação continuada desses profissionais atrelada com os objetivos do estado para a educação do Paraná”, afirma Renato.

Atualmente, os cursos de formação continuada ofertados pelo governo aos professores são um ponto de crítica da categoria. Eles estariam muito voltados aos índices, mas pouco ajudam a mostrar o caminho a ser seguido para melhorar. “São traçados objetivos, mas cada um que se vire para chegar lá”, diz Walkíria Mazeto, secretária de educação da APP-Sindicato.

A fala da representante do sindicato se alinha com a da pesquisadora em educação e professora da UFPR Elisa Dalla-Bonna quando ela diz que faltam políticas de Estado para a educação do Paraná. “Tudo que se conseguiu avançar até hoje na educação do país foi por causa de políticas de Estado, que têm continuidade e vão se aperfeiçoando ao longo do tempo”.

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