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Trecho da redação de Carlos, que descreve o preparo do Miojo |
Trecho da redação de Carlos, que descreve o preparo do Miojo| Foto:

O que culinária tem a ver com movimentos imigratórios para o Brasil no século 21, tema da redação da última edição do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem)? À primeira vista, nada. Mas dois corretores da prova entenderam como "adequada" a abordagem temática por parte de um candidato que descreveu como preparar um "miojo" no meio de seu texto. O candidato ficou com 560 pontos em 1.000 possíveis.

Nos dois primeiros parágrafos, o vestibulando chega a comentar a questão da imigração. Mas, no seguinte, o candidato descreve o modo de preparo do macarrão instantâneo.

"Para não ficar muito cansativo, vou agora ensinar a fazer um belo miojo, ferva trezentos ml’s de água em uma panela, quando estiver fervendo, coloque o miojo, espere cozinhar por três minutos, retire o miojo do fogão, misture bem e sirva".

O candidato retoma o tema da imigração no parágrafo seguinte e conclui que "uma boa solução para o problema o governo brasileiro já está fazendo, que é acolher os imigrantes e dar a eles uma boa oportunidade de melhorarem suas vidas".

Outro candidato escreveu parte do hino do Palmeiras em seu texto. A nota? 500 pontos de um total de 1.000.

Embora haja critérios para se tirar nota 0 na redação no Guia do Participante, como a fuga total do tema e impropérios ou atos propositais de anulação, os candidatos alcançaram pelo menos metade do valor do teste. O candidato "do Miojo" recebeu 120/200 (60%) na competência 2 da correção, em que são avaliadas a compreensão da proposta da redação e a aplicação de conhecimentos para o desenvolvimento do tema. Pela nota, o Ministério da Educação (MEC) entende que o estudante abordou o tema de forma "adequada", embora "previsível" e com "argumentos superficiais".

Até o autor da redação, Carlos Guilherme Custódio Ferreira, de 19 anos, acha que deveria ter recebido nota zero da banca corretora. Ele está no segundo período do curso de engenharia civil da Unilavras (MG) e fez a prova "por fazer".

"Quando fiz o Enem, já estava na faculdade e gostando muito do meu curso. Então, fiz a prova por teste mesmo. Como falaram que a correção seria mais rigorosa, passando por três avaliadores, resolvi incluir a receita para ver se realmente teria uma avaliação diferenciada."

Em nota, o MEC afirmou que "a presença de uma receita no texto do participante foi detectada pelos corretores e considerada inoportuna e inadequada". O órgão também entende que o aluno não fugiu do tema nem teve a intenção de anular a redação, pois não feriu os direitos humanos e não usou palavras ofensivas.

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